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Saúde

Cirurgia inédita une partes de dois fígados

Realizado em hospital paranaense, nova modalidade da cirurgia reuniu partes do fígado de dois parentes do receptor

Darci Bladt com a sobrinha Julian e seu filho Nathanael: operação inédita com partes unidas do fígado  ajudou a salvar a vida dele | Divulgação
Darci Bladt com a sobrinha Julian e seu filho Nathanael: operação inédita com partes unidas do fígado ajudou a salvar a vida dele (Foto: Divulgação)

Os cerca de 5 mil pacientes que esperam por um transplante de fígado no país, 400 deles do Paraná, receberam ontem uma boa notícia: a realização de um transplante que envolveu a doação de partes do fígado de duas pessoas para o mesmo receptor. O procedimento, inédito no continente americano, foi realizado no Hospital Angelina Caron, região metropolitana de Curitiba. Essa inovação, trazida da Coreia do Sul, fez com que Darci Moacir Bladt, de 52 anos, de Capanema, no interior do estado, tivesse seu sofrimento reduzido. Cirrótico pelo vício ao álcool, ele recebeu a doação de partes do fígado do filho Nathanael Bladt, 23 anos, e da sobrinha, Julian Fernanda Renner, 29.

O procedimento, realizado por João Eduardo Nicoluzzi, chefe do setor de transplantes do hospital, entrará para a rotina no local e será totalmente custeado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). "Ainda não sabemos a contribuição dessa nova modalidade de transplante para diminuir a fila de espera. Saberemos isso em médio prazo", afirma Nicoluzzi.

Darci sofria com a cirrose há um ano e tinha encefalopatia recorrente, agravamento que serve de critério para permitir que o doador receba transplante intervivos, assim como a presença de hemorragia digestiva. Com a doença em alto nível de gravidade – medida também por um sistema chamado Model for End-stage Liver Disease (Meld ) –, foi indicada a Darci a cirurgia intervivos.

Quinze médicos

No transplante intervivos é retirado 60% do fígado do doador, desde que isso represente pelo menos 0,8% do peso do receptor. Na família de Darci não havia quem pudesse fazer a doação. Sendo assim, a oportunidade do procedimento duplo foi aventada. Nathanael era compatível, mas tinha o tipo físico menor, sendo preciso a adesão de mais um membro da família. Foi aí que a sobrinha Julian se prontificou a ajudar o tio. "Meu filho atendeu rapidamente ao pedido e ela, quando soube da necessidade, também. Além do físico, o fator psicológico contou muito, mas eles estavam preparados", conta Ivone Bladt, mulher de Darci.

Nesse novo procedimento, foi retirada uma parte do fígado esquerdo de cada doador. A cirurgia precisou de 3 salas, durou 17 horas e teve a participação de 15 médicos. No procedimento convencional – que utiliza o órgão de cadáveres – são necessários 4 médicos e 5 horas. A nova técnica foi criada na Coreia do Sul e já é usada na China, Japão, Taiwain, Turquia e Alemanha.

Darci recebeu alta e sairá do hospital até o fim dessa semana. A partir de agora ele precisará cuidar melhor da alimentação e viver em constante monitoramento. "Agora é vida nova e com uma qualidade que eu não tinha há tempos", completa o paciente.

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