
Sessenta pessoas foram presas ontem em cidades do Paraná e Santa Catarina e 13 são procuradas pela polícia acusadas de aplicar um golpe de aproximadamente R$ 7,5 milhões contra a operadora de telefonia Brasil Telecom. No total, 73 mandados de prisão foram expedidos pela Vara de Inquéritos Policiais (VIP), 41 deles só em Curitiba. A operação, batizada de Espectro, contou com a participação de 200 policiais.
Dos presos, dez pessoas executavam o golpe sendo cinco funcionários da própria Brasil Telecom e as outras 50 eram usuários dos serviços da operadora que pagavam para ter o valor de suas faturas de telefone reduzido.
O golpe funcionava com membros do grupo de falsários entrando em contato com usuários da Brasil Telecom. A essas pessoas era oferecida redução no valor da conta telefônica. Para isso, o usuário deveria depositar metade do valor verdadeiro da fatura em uma conta bancária indicada para uma conta de R$ 2 mil, por exemplo, o depósito deveria ser de R$ 1 mil.
Feito o depósito, funcionários e ex-funcionários da própria Brasil Telecom e de empresas terceirizadas iam ao sistema da empresa e adulteravam os valores das faturas a serem emitidas. "Como essas pessoas tinham acesso às senhas do sistema da Brasil Telecom, elas conseguiam fazer a adulteração facilmente", afirma o delegado da Subdivisão de Operações do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), que coordenou as investigações, Francisco Alberto Caricati. Com a adulteração feita, a fatura chegava à casa dos usuários com valores irrisórios, de poucos centavos.
O golpe foi descoberto em dezembro de 2007, quando diretores da Brasil Telecom fizeram denúncia à polícia. Desde então, policiais do Cope passaram a monitorar não só o grupo que aplicava o golpe, mas também os usuários que contratavam o serviço ilícito.
Caricati enfatiza que mais mandados de prisão podem ser expedidos pela Justiça nos próximos dias. "Estimamos em aproximadamente 500 o número de pessoas que pagaram pelo serviço, mas por enquanto prendemos as pessoas que mais se beneficiaram do esquema", ressalta o delegado.
Segundo o delegado-chefe do Cope, Miguel Stadler, as pessoas que contratavam o serviço serão autuadas por estelionato (de 1 a 5 anos de detenção) e formação de quadrilha (de 1 a 3 anos de detenção). "Elas sabiam o que estavam fazendo, que o serviço que estavam contratando era ilegal", enfatiza Stadler.
Cabeça
De acordo com as investigações, o cabeça da fraude era o operador de telefonia Vandré de Oliveira Araújo, ex-funcionário de uma empresa terceirizada que prestava serviços à Brasil Telecom. Araújo foi preso em sua casa, no bairro Boqueirão. "Desde que passamos a acompanhá-lo, percebemos que ele vivia em condições muito melhores do que condiz com a sua profissão", enfatiza o delegado Caricati.
As investigações apontam que Araújo teria articulado todo o esquema, cooptando amigos e a própria sogra para angariar usuários da operadora para o golpe. Caricati afirma que Araújo chegava a pagar valores semanais a funcionários da Brasil Telecom para ter acesso a senhas da empresa. "Era uma espécie de aluguel de duas senhas de acesso e de segurança do sistema da operadora", diz.
O grupo agia há cerca de cinco anos e, conforme as investigações do Cope, o golpe começou com uma ex-funcionária da Brasil Telecom já falecida. Essa ex-funcionária teria passado todas informações de procedimentos para que Araújo pudesse continuar a fazer o mesmo.




