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Umuarama - A mortandade em massa de duas espécies de peixes pode ser um sinal de que o Rio Paraná passa por sérios problemas ambientais. Há três meses, a população encontra peixes das espécies armado (ou armal) e cascudo mortos. Até agora, o que se sabe é que a grande quantidade de cobre no fundo do rio é a responsável pelas mortes. Resta agora descobrir de onde está vindo o metal e quem é o culpado pela situação.

A análise do problema vem sendo realizada por técnicos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Em um encontro promovido em Diamante do Norte para debater o tema, na semana passada, o analista ambiental Sandro Roberti Silva Pereira, que trabalha para o instituto, deu informações sobre o diagnóstico: o cobre também está contaminando os sedimentos e outras espécies da vida aquática. Isso indica, segundo o especialista, que "o rio está ficando doente". Os exames da água, porém, não apresentaram contaminação.

O cobre foi detectado em maior quantidade no fígado dos peixes. A bióloga Harumi Irene Suzuki, da Universidade Estadual de Maringá, informou que no fígado dos armados foram encontrados até 368,2 miligramas de cobre por quilo. Já na musculatura, a presença de cobre ficou em 1,6 mg. Harumi afirma que o limite máximo permitido nos produtos para consumo humano é de 30 mg. Mesmo assim, a recomendação dos técnicos é para que se evite o consumo do armado e do cascudo preto em toda a extensão do rio, já que os peixes estão frágeis e podem ser atingidos por bactérias.

O armado e o cascudo são as principais vítimas da contaminação porque, segundo Pereira, buscam o alimento no fundo do rio, onde está a maior quantidade de cobre. Para o analista ambiental, o peixe é um aviso de que algo está errado no Rio Paraná e as providências precisam ser urgentes.

Fonte

O desafio para o Ibama será descobrir a fonte poluidora. Sandro Pereira diz que a contaminação é ampla, está em quase todas as partes do rio e, aparentemente, não foi gerada por um acidente ou um despejo isolado. Durante o encontro em Diamante do Norte, as usinas hidrelétricas negaram o uso de produtos químicos com cobre no combate ao mexilhão dourado – o que poderia estar causando o problema. Segundo Pereira, novas pesquisas serão feitas nos próximos dias para identificar se o cobre veio de agrotóxicos ou se tem outra procedência.

Para os técnicos, uma coisa já ficou clara: o monitoramento do Rio Paraná precisa ser intensificado. O Ibama vai coordenar a criação de grupos de trabalho para expandir os estudos. Até o fim de dezembro, serão feitas coletas de várias espécies de peixes para confirmar as quantidades exatas de cobre. Pequenas quantidades de mercúrio encontradas nos sedimentos também serão alvos de estudo para descobrir se o produto é de origem geológica (natural) ou se é mercúrio tóxico usado em indústrias.

O resultado será encaminhado à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que vai determinar quais espécies podem ou não ser consumidas e se haverá necessidade de proibição da pesca.

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