
As 3,8 toneladas de cocaína que foram apreendidas nesta quinta-feira em Paranaguá passaram pelo sistema de fiscalização da Receita Federal e das autoridades portuárias sem serem flagradas pelo aparelho de raio X. "Tínhamos a informação de qual carga seria e passamos pelo sistema. A resposta era sempre um falso negativo (indicação negativa de que haveria outro produto escondido sob a carga declarada)", diz o delegado da Polícia Federal Wágner Mesquita de Oliveira. "Como tínhamos a certeza que ali havia cocaína, abrimos os contêineres e confirmamos a existência da droga."
A apreensão no Terminal de Contêineres é considerada a segunda maior já feita em território brasileiro e foi realizada graças à cooperação da Interpol e do Departamento Antidrogas dos Estados Unidos que, na quinta-feira passada, interceptaram 1,2 tonelada de cocaína no porto de Constanta, na Romênia.
De acordo com Oliveira, o fato de a carga passar ilesa pelo sistema de raio-x é um indício da experiência dos traficantes. " O modo como a cocaína foi prensada, embalada e colocada dentro da madeira (tacos de cedro) deixava a droga com uma densidade muito parecida com a madeira. Mostra que eles sabiam o que estavam fazendo", afirma o delegado.
Segundo a Polícia Federal, nos próximos meses, os portos de Santos, Sauípe e Recife devem receber equipamentos mais modernos e com maior capacidade de detectar cargas escondidas. "Acreditamos que, pela importância, Paranaguá irá receber esses aparelhos também. Precisamos muito da ajuda da tecnologia no combate ao crime", afirma o coordenador de Repressão a Entorpecentes da PF, Paulo de Tarso.
Embora não divulgue o nome da empresa de importação e exportação responsável pela carga e evite associá-la diretamente aos traficantes, a PF já sabe que, em pelo menos oito oportunidades nos últimos dois anos, a empresa, com sede em São Paulo, enviou cargas idênticas à declarada na nota fiscal. Também já se sabe que a cocaína não chegou a Paranaguá em um único carregamento.
"Vamos investigar os indícios que temos e não vamos nos ater apenas na apreensão. Queremos estabalecer as responsabilidades criminais dos envolvidos. A investigação irá nos mostrar se houve participação da empresa, do agente aduaneiro ou de funcionários do terminal de contêineres", afirmou Oliveira. Até o momento ninguém foi preso pelo envolvimento com a cocaína.
A droga avaliada em 80 milhão de euros pela PF estava em estado puro e para consumo receberia a adição de ingredientes como lidocaína e até cafeína, podendo render até seis vezes mais, chegando a 26 toneladas prontas para uso. Os contêineres seriam levados até a Romênia, de onde, segundo a PF, a cocaína seria redistribuída pela Europa.
Na manhã de ontem, a cocaína foi tranportada de Paranaguá até Curitiba. De tarde, com a autorização da juíza Gabriela Hardt, da Vara de Justiça Federal de Paranaguá, a droga foi incinerada em uma empresa de Rio Branco do Sul, na região metropolitana de Curitiba.
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