A culpa certamente não é do hífen, mas que ele nos dá um trabalho desmedido não resta dúvida. Quem escreve regularmente deve deixar por perto um dicionário bem atualizado ou um manual com todas as regras de emprego desse "vilão". Por via das dúvidas, é melhor deixar o dicionário e o manual, pois sempre surge uma palavra hifenizada que pode nos infernizar.
Uma boa notícia: o Acordo Ortográfico sistematizou alguns usos do hífen que seguramente nos trazem algum alívio, mas nada perto de um sonhado bordão do tipo "nossos problemas acabaram". Vejamos duas orientações que tratam de palavras compostas por prefixação.
Primeiro caso: não se emprega o hífen quando o 1º elemento termina por vogal e o segundo elemento começa por vogal diferente. É o caso, por exemplo, de "auto-escola". Traduzindo: "auto" é o primeiro elemento e termina pela vogal "o"; "escola" é o segundo elemento e começa pela vogal "e". Agora é só juntar tudo e temos "autoescola". Alguns exemplos que referendam o modelo: aeroespacial, autoaprendizagem, extraescolar, contraindicação, coautor, coirmão e macroeconomia.
Segundo caso: não se emprega o hífen quando o 1º elemento termina por vogal e o 2º começa por "r" ou "s", devendo essas consoantes duplicar-se (rr e ss). É o caso, por exemplo, de "contra-regra". Vejamos: "contra" é o 1º elemento e termina pela vogal "a"; "regra" é o 2º elemento o começa por "r". Agora juntamos tudo e temos "contrarregra". Alguns exemplos para testar o modelo e nossos olhos: minissistema, minirreforma, cosseno, contrassenso, neorromantismo e ultrassecreto.
Obviamente esses dois casos cobrem apenas parte das palavras compostas por prefixação. Portanto, continua necessário aprender algumas regras bem básicas de uso do hífen e, claro, deixar um material de consulta ao alcance.
Adilson Alves é professor.
