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Na coluna anterior (Taxar e tachar) o assunto foram os homônimos que de vez em quando nos derrubam, a exemplo de "tachar", que fez um leitor perder um precioso ponto no concurso prestado. A boa notícia é que foi aprovado e agora espera o da Receita Federal – o sonho de 150% dos concurseiros. A matemática pode parecer absurda, e de fato é, mas a concorrência é mais absurda ainda.

Meu objetivo hoje é tentar explicar por que algumas palavras têm mais chances de ser dadas como certas mesmo por pessoas com boa escolaridade. Pensemos, por exemplo, no par de homônimos "taxar" e "tachar".

É fácil constatar que as palavras "taxa/taxar" são mais recorrentes na nossa língua do que "tacha/tachar". Basta abrirmos um jornal que lá estão notícias sobre taxa de juros, taxa de cheque especial, produtos taxados etc. Além disso, temos a palavra "taxativo": O governo foi taxativo na sua defesa em ter taxado produtos importados. Ou seja, os ventos sempre estão a favor do "x".

O princípio que explica lapsos como esse é o de recorrência: na dúvida, apostamos nas palavras que mais aparecem, que têm mais uso na língua. É mais provável alguém escrever "Ele foi taxado de grosso" do que "O governo elevou a tacha de juros". Embora o lapso do nosso leitor contrarie esse raciocínio, a regra é essa.

Vamos ampliar um pouco mais o assunto e pensar como a ideia de recorrência nos ajuda a entender alguns lapsos praticados por crianças. Só que a palavra "regularidade" se aplica melhor que "recorrência". Não raro, ouvimos a criançada sair com um "eu não fazi". Aqui temos a lógica sendo derrubada pela exceção, pela irregularidade, pois os verbos terminados em "-er" ganham um "i" na primeira pessoa do singular no passado perfeito: eu colhi, eu dormi, eu fazi! A criança regulariza, aplica a regra.

Adultos também seguem lógica parecida.

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