Recebi dois pedidos para dar uma explicação "definitiva" sobre o uso do hífen em palavras compostas por prefixação. Escapa-me a possibilidade de uma explicação definitiva, mas sugiro quatro passos bem simples para eliminar boa parte das dúvidas.
Primeiro passo: "os semelhantes não se atraem". Se um prefixo termina em letra igual à que inicia o segundo elemento, usamos hífen. Vamos pegar os prefixos "neo" e "hiper". "Neo" termina pela vogal "o". Se o segundo termo começar pela mesma vogal, separamos. Exemplo: "neo-ortodoxo". "Hiper" termina pela consoante "r". Caso o segundo elemento comece com "r", separamos. Exemplo: hiper-realismo.
Segundo passo: "os diferentes se atraem". Vamos continuar com nossos dois prefixos. Juntemos "neo" com "liberalismo": neoliberalismo. Juntemos "hiper" com "acidez": hiperacidez.
Terceiro passo: o "h" jamais se junta com prefixos. Exemplos: super-homem, auto-hipnose e mini-homem. Notem que as palavras "subumano" e "coerdeiro" dispensaram o "h". Se este permanecesse, teríamos sub-humano e co-herdeiro. Aliás, o minidicionário Houaiss, já adaptado à nova ortografia, registra "co-herdeiro" e não "coerdeiro", como está no dicionário da Academia Brasileira de Letras. Tanto faz, tanto fez.
Quarto passo: os prefixos acentuados graficamente exigem hífen: pós-graduação, pré-escola, pró-americano, além-túmulo, recém-casados. Temos ainda os prefixos "sem", "ex" e "vice", que sempre exigem hífen: sem-terra, ex-aluna e vice-presidente. Esses são três prefixos bem usados.
Resolvida a maioria dos casos, guardemos uma última lição: os prefixos "co" e "re" se juntam ao segundo elemento (coordenação e reeleição) e os prefixos terminados em "b" e "d" não se juntam ao "r": ad-renal e sub-rogar.
Com esses procedimentos, a consulta ao dicionário não precisa ser tão frequente.
