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Transcrevo passagem de uma entre muitas notícias positivas sobre a apresentação da banda Metal­li­­ca nesta edição do Rock in Rio: "A banda deu um show histórico nesse terceiro dia de Rock in Rio. E mostraram por que continuam no coração e ouvidos dos fãs".

Assisti ao show (pelo Youtu­be...) e também achei fantástico, embora entenda bem menos de rock do que de algumas coisinhas da nossa língua. E vou falar de umas dessas coisinhas, anunciada no título.

Antes, vamos voltar ao trecho transcrito. Observem que o sujeito é "A banda". Singular feminino. Uma boa definição de sujeito é a seguinte: termo que está em relação de concordância com o verbo. Notem que há dois verbos que se referem ao sujeito: "mostraram" e "estão". Mas não estão em relação de concordância com ele, pois estão no plural. E agora?

Agora vamos copiar e colar a definição de silepse dada pela Wikipédia: "figura de construção que trata da concordância que acontece não com o que está explícito na frase, mas com o que está mentalmente subentendido, com o que está oculto. É, portanto, uma concordância ideológica, que ocorre com a ideia que o falante quer transmitir. É também chamada de concordância irregular". A explicação é clara e não difere (ao menos substancialmente) das que encontramos na maioria de nossos alfarrábios.

Portanto, temos um caso de silepse na pequena nota sobre a banda Metallica. Apesar de o sujeito estar no singular, o redator conduziu o texto pela ideia de plural que a palavra transmite: bandas têm integrantes – que "mostraram" por que "continuam" fantásticos.

A silepse é tratada como uma forma "irregular" porque nosso padrão de concordância na escrita se orienta pela sintaxe, ou seja, pelos termos que estão na superfície do texto, que estão explícitos.

Muitas vezes, porém, é a se­­mân­tica que nos conduz. Optamos (ou somos levados) pelo sentido.

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