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O título da coluna transcre­­ve, ipsis literis, trecho de um tuíte de Nana Gouvêa. Citei-o em coluna de algumas semanas (Os famosos também erram. E daí?) e a ele volto hoje para análise mais detida.

Os leitores devem ter notado que a atriz e modelo comete três erros: Tú, sempres e houves. Para ser justo, acerta 50% da frase e passa perto de cometer 100% de acerto.

Vamos começar pelo "Tú" de Gouvêa.

Esse pronome é monossilábico e tônico. Com efeito, há uma regra que nos manda acentuar os monossílabos tônicos. Mas apenas os terminados em "a", "e" e "o": fá, ré, dó. Os terminados em "i" e "u" estão fora: mi, si, tu. O fato é que milhões de brasileiros, incluindo os de bom letramento, interpretam que monossílabos terminados em "u" e "i" recebem acento gráfico. Não só palavras de uma sílaba apenas, aliás. "Sací", "urubú" e "jacú", por exemplo, sempre aparecem acentuadas. Banheiros de bibliotecas e faculdades estão cheios da última sílaba da palavra "jacú", com acento no "u". Idem para os muros, orelhões e carteiras de salas de aula. Parece que as pessoas "ouvem" o acento, tal a intensidade da sílaba.

O "Tú" da modelo leva-a a flexionar aquilo que não se flexiona: advérbio. Vejamos a analogia: tu compras, tu ouves, tu pedes... tu "sempres". Trata-se de uma hipercorreção. Nana harmoniza o advérbio com o "tu". Observem que todas as palavras, exceto "tu", terminam em "s". Um "s" aqui, outro acolá...

O terceiro lapso da atriz que deu vida e curvas à Lindinha de Porto dos Milagres é a troca de "ouves" (verbo ouvir) por "houves" (verbo haver). Mas notem que azar: o correto é "tu houveste". Aqui o "s" some.

Em todo caso, que fique bem claro que não poucas pessoas confundem "houve" e "ouve": é a mesmíssima pronúncia.

Esse "h" tem cada uma! Às vezes some em "ombridade" e de uma hora para outra surge "houvindo" coisas.

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