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Dizem que a terceirização originou-se nos Estados Unidos, com a Segunda Guerra, quando a indústria bélica precisava se concentrar na produção de armamentos e, como estavam dando conta da demanda mundial, passaram a delegar algumas atividades para parceiros.

Os americanos do norte estavam muito atrasados. No Brasil, a terceirização teve origem em 7 de setembro de 1822, quando o reino de Portugal terceirizou o Brasil a dom Pedro I. De lá para cá, temos muito a ensinar ao Tio Sam. Especialmente na administração pública. A terceirização na história do Brasil tem sido motivo de muita polêmica por parte dos cientistas políticos, especialmente no período republicano: no Estado Novo, o ditador Getúlio Vargas terceirizou a polícia política para o fascista Filinto Müller. Em seguida, o caudilho deu um tiro no peito e terceirizou sua vida à história. Jânio Quadros, com a renúncia, terceirizou seus milhões de votos ao vice Jango Goulart. Na ditadura militar, os generais terceirizaram a economia e disso resultou o ministro Delfim Netto. Com o Milagre Brasileiro, a terceirização chegou inclusive à cultura nacional. Na literatura, por muito tempo fomos terceirizados aos franceses e, até hoje, são raros os nossos intelectuais que não terceirizam suas próprias opiniões. A terceirização se estendeu também ao campo espiritual, onde o devasso doa polpudos dízimos na esperança de terceirizar a salvação da alma.

Esse mecanismo de gestão, no entanto, tem critérios de aplicação para alcançar resultados e, em muitos casos, o barato sai caro. Muito caro. Com a redemocratização, as mudanças apontavam para novos métodos, quando o desalento tomou conta da nação. Tancredo Neves terceirizou a faixa presidencial para José Sarney e isso nos custou a hiperinflação. Fernando Collor terceirizou as sobras de campanha para PC Farias e o tucano Fernando Henrique só não terceirizou seus próprios livros, embora tenha pedido para esquecer o que havia escrito.

Luiz Inácio da Silva, por sua vez, tirou nota 10 no quesito amnésia. Primeiro, terceirizou a campanha eleitoral para o mago Duda Mendonça. Eleito, terceirizou o poder para o comissário Zé Dirceu, que terceirizou o governo para os mensaleiros da base aliada. Essa terceirização nos custou caro, muito caro. No entanto, para a presidente Dilma Rousseff até que saiu barato, pois no fim das contas todos os malfeitos de seu governo foram por ela terceirizados.

Agora na boca da urna, é preciso saber a quem Marina Silva, caso eleita, vai terceirizar o futuro governo. Seria ela uma terceirizada de Luiz Inácio Lula da Silva? Ou Aécio Neves aguarda uma boa oferta de Marina para terceirizar Fernando Henrique Cardoso?

Assim sendo, chega de ouvir terceiros: vou terceirizar o meu voto a Deus. E seja o que a Santíssima Trindade quiser.

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