Em setembro de 2007, Danny Lyon, fotógrafo e escritor americano, publicou no jornal The New York Times um provocativo ensaio com dez atitudes para reformar uma grande cidade. Como primeiro ato para restaurar a qualidade da vida urbana, o provocador decretava: "Primeiro a gente mata os arquitetos!"
A seguir, sugeria queimar os shoppings: "Seguindo o exemplo de Alexandre, a gente mantém as livrarias e os cinemas, como ele preservou a casa e a biblioteca de Píndaro, quando queimou Tebas". Como derradeiras providências, mas não menos importantes, um policiamento especial para controlar o uso do telefone celular, com galões bordados com as palavras "Polícia do Celular", e, para combater a criminalidade, oferecer prêmios em dinheiro de até US$ 10 mil para cada pessoa trazida do "Outro Lado". Ou seja: qualquer cidadão que tivesse um amigo criminoso, prostituta ou viciado/traficante de drogas e conseguisse transformar tal pessoa em um cidadão não predador receberia o prêmio.
Retomando o receituário do provocador Danny Lyon, proponho ao juiz Sérgio Moro uma atitude a mais para punir os responsáveis pela corrupção que corrói desde sua fundação os alicerces da Petrobras: prisão aos arquitetos!
Antes tarde do que nunca, prisão aos arquitetos curitibanos Roberto e José Maria Gandolfi, Luiz Forte Netto, José Sanchotene, Vicente de Castro e Abraão Assad, a equipe vencedora do concurso para a sede da Petrobras no Rio de Janeiro, em 1968. Para escolher o projeto arquitetônico de sua monumental sede, a Petrobras realizou, em 1966, um concurso nacional com quase 140 inscritos. Para o terreno escolhido, no centro financeiro do Rio, o projeto dos jovens arquitetos curitibanos representava a fase megalomaníaca da arquitetura que caracteriza os anos do milagre econômico de 1960/70. O ufanismo dessa época ficou evidente no anúncio dos vencedores: "As formas inusitadas da edificação, suas proporções e os materiais empregados em sua construção formavam um conjunto harmonioso, com as formas identificadas com a empresa, que transmite a imagem de solidez, vanguardismo, sobriedade e inovação, atributos estes que sempre caracterizaram a Petrobras".
Em contraste com o discurso oficial, embora o projeto tenha sido considerado uma referência da arquitetura desse período, a obra não escapou das inevitáveis críticas, quando muitos a consideraram "uma arquitetura imposta, uma arquitetura autoritária".
Quase 50 anos depois, embora Le Corbusier tenha inspirado as exímias superfícies de concreto, realçando os efeitos escultóricos de Abrão Assad e imprimindo uma identidade plástica ao trabalho dos paranaenses, o monumental edifício sede da Petrobrás tem um pecado de origem: deveria ser completamente transparente.
Por falta de transparência na Petrobras, enquanto não prendem também os mordomos, prisão aos arquitetos!
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