Em Londrina, próximo ao Hotel Bourbon, dos Vezozzo, está instalado o Restaurante Rodeio. E um dos garçons é o Nelson.
Pai-de-santo e "formiguinha", nas horas vagas vende desde velas para despacho, relógios e outras miudezas. É muito alegre e estimado por todo mundo.
Pelos idos de 1970, resolveu passar umas férias no Rio de Janeiro, época da "ditadura". Encontrou-se com um velho amigo, também garçom, que, depois de trocas de amabilidades, soube que ele estava passeando. E lhe fez um convite para trabalhar num banquete das Forças Armadas.
E o Nelson pegou o setor onde estavam localizados os oficiais da Marinha.
Já na sua primeira intervenção, chegou numa mesa e disse:
Com licença, almirante!
O homem respondeu:
Não sou almirante! Sou contra-almirante!
Na outra vez que foi atendê-lo, repetiu:
Com licença, almirante!
E o homem, irritado, respondeu:
Já lhe disse que sou contra-almirante!
Aí o Nelson folgou! Largou a bandeja sobre a mesa e revelou:
Pois sabe que eu também sou contra general, brigadeiro, almirante e toda essa cambada de parasitas...
Nelson saiu carregadinho por dois PMs e botado para fora do clube.
O jóquei Mauricio Fruet Anos atrás, Jan Szpatowski, ex-radialista e hoje advogado, e juiz classista, reuniu um grupo de contemporâneos para relembrar os velhos tempos. Lá estavam o Antônio Moris Cury, também advogado, Machado Neto, Osíris Nadal, o presidente do Tribunal Regional do Trabalho, dr. Pretextato Taborda Ribas, e o Gerson Cordeiro, da Gazeta do Povo, entre outros.
Cury contou que pelos idos de 1960 apresentava com Wílson Brustolin, hoje também advogado, a Resenha Esportiva Gillette, na Rádio Emissora Paranaense, das 11h30 às 11h55. Certa manhã faltou notícia para completar os últimos cinco minutos e o Wílson resolveu ler o programa de turfe publicado na Gazeta do Povo. Nenhum dos dois entendia patavinas de corrida de cavalos. E foram lendo! Lá pelas tantas apareceu o nome do cavalo, mas não a do jóquei, e escrito XXX. No jargão turfístico 3 xis quer dizer que a montaria não estava designada.
Wilson não teve dúvida e improvisou:
No sexto páreo o potro Garboso com a montaria de Mauricio Fruet.
Mauricio Fruet era o chefe da equipe e deu boas risadas. A direção da rádio não achou graça e botou Wílson Brustolin e Antônio Cury no gancho por três dias.
Nomes conflitantes João Carlos Calvo, depois de ficar seis anos trabalhando para a Copel em Paranaguá, voltou para Curitiba.
Logo em seguida, foi procurado por um ex-colega da Terra de Santo Amaro que lhe pediu um favor. Queria conseguir um convite para uma festa na Sociedade Thalia, clube ao qual pretendia se associar mais tarde. Como João Carlos tinha um tio na diretoria, fez o pedido e lá foi o amigo falar com o Vectogirio Calvo (ele foi diretor da Federação Paranaense de Futebol por longo tempo).
Vectogirio perguntou o nome do parnanguara:
Antônio Cabelo!
Os dois se olharam e começaram a rir.
O Vectogirio Calvo era cabeludo e o Antônio Cabelo, careca.
Anúncios apócrifos Fazer anúncios vendendo propriedades dos outros, especialmente de amigos sem eles saberem, foi uma brincadeira adotada por um grupo de amigos, todos pilotos de corrida, anos atrás.
E os irmãos Castilho eram especialistas em sacanear. O dentista Luiz Augusto Piá de Andrade tinha, na época, uma Berlineta que era uma verdadeira tetéia. Bruno e Gui fizeram um anúncio na Gazeta do Povo, por um valor baixo e que parte do pagamento poderia ser com utilidades domésticas.
Fizeram fila na frente da sua casa. No anúncio disseram para tratar com "Repolho", que era o apelido do Piá de Andrade, que era magro e tinha cabeça grande.
Os dois, logo em seguida, receberam o troco. Foi feito um anúncio vendendo o Simca 1966, do Bruno, por um preço baixíssimo, e ainda dando de brinde "dois cachorros perdigueiros" que atendiam pelos nomes de Bruno e Gui.
Por último, não se sabe a autoria, um anúncio publicado na Gazeta anunciava a venda de um Opala preparado, inteirinho, também por um preço ridículo. Mas acentuaram no anúncio que a venda devia-se a "falta de braço". Essa justificativa, na época, era a maior ofensa para um piloto. O Opala era do empresário Altair Barranco, que dia antes havia sofrido para derrotar um modesto fusca, em Guarapuava. Só não contaram que o piloto era o Pedro Mufato, mais tarde, e até hoje, famoso piloto em Cascavel.
Haroldo e o frentista O jornalista e médico Aluísio Blasy quando viajava deixava seu Oldsmobile 1966 aos cuidados do seu cunhado, o então acadêmico Haroldo Lobo.
Dinheirinho curto, Haroldo punha todo dia 2 mil réis de gasolina num posto da Vicente Machado e ia para faculdade estudar. Um dia chegou seu pai do interior e pediu uma carona para o jovem estudante. Haroldo ligeirinho deu uma mordida no "velho" e levou 20 mil réis.
Chegou no posto e o frentista:
O de sempre doutor?
Não ponha vintão!
Ué! Vai viajar doutor!
A coluna é dedicada ao ilustre médico Nélio Ribas Centa, diretor do Hospital São Lucas e presidente da Associação dos Criadores de Bovinos da Raça Holandesa.



