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A verdade sobre pessoas que emprestam livros e não devolvem

Diz o tio Alfredo (que não é meu tio, mas da minha colega Sandra) que leitores de verdade, quando pegam um livro emprestado, devolvem. Os demais emprestam e não devolvem porque simplesmente não se importam com o livro, não o valorizam.

Esse raciocínio do tio Alfredo se presta também a CDs e DVDs, que são como livros: você usa uma vez, desfruta do conteúdo e ponto final. Se não é seu, devolve. Se gostar muito e quiser ver várias vezes, é o caso de comprar um exemplar. Parece simples, mas não é. Quem entrega em empréstimo sabe que muitas vezes a coisa não volta. Faço algumas hipóteses do porque tantas pessoas aparentemente honestas usurpam, via empréstimo, bens preciosos de amigos:

Hipótese 1 - Gostei muito do livro. Posso devolver e comprar outro, mas já estou com ele na mão e não resisto à tentação de ficar com ele.

Tradução: Você está sendo malandro e desonesto. Se alguém confiou em você, crie vergonha na cara e devolva o que não é seu.

Hipótese 2 – Esqueço de devolver. Li o livro, vi o filme, ouvi o CD. Deixei-o no meio dos meus próprios e agora nem lembro mais que ele existe.

Tradução: Você é relaxado e não tem consideração pelo outro. Mais um caso em que é preciso criar vergonha na cara e devolver o que não lhe pertence.

Hipótese 3 – Livros, filmes e CDs não são tão importantes assim. Não devolvi e nem penso mais nisso.

Tradução: Você jamais deveria emprestar nada! E sabe o que eu penso de você?

Hipótese 4 – Sem querer, risquei o DVD (ou meu filhinho riscou a página do livro). Agora, não sei como agir?

Tradução: Pateta! Faça a coisa certa. Compre um novo e devolva para quem tão generosamente te fez o empréstimo.

Os que emprestam também precisam refletir sobre o próprio comportamento. Dizem que não se deve emprestar livros a menos que se esteja preparado para abrir mão deles. Ou seja, o risco está sempre implícito na operação. Por isso, ou nos tornamos doadores compulsivos de livros, CDs e DVDs ou aprendemos a ficar de bico calado (e não contar que temos o tal título) e aprendemos a dizer não. Dizer não é dureza para brasileiros, povo chegado a circunlóquios e que não sabe ser objetivo quando é preciso emitir um comentário menos simpático. Mas há algumas saídas. Lá vão duas delas:

Primeira negativa à moda brasileira: "Emprestei o meu exemplar e ainda não me devolveram. Se devolverem um dia, eu te aviso."

Segunda negativa à moda brasileira (esse é para quando a pessoa está na sua casa, vendo o seu livro na estante): "Este exemplar não é meu. É do tio Alfredo, que deixou os livros dele aqui enquanto passa uma temporada no Butão. Tá ocupando o maior espaço, mas ele é meu tio favorito...". E ti-ti-ti, ta-ta-ta. Fale tudo que te passar pela cabeça. Mas não empreste o livro. Ou empreste e se prepare para o pior.

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