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Miguel Sanches Neto

Prazeres da praia

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Mudou nossa maneira de estar na praia. E isso já nos preparativos, que agora começam com a compra de protetores solares, pois o sol se tornou um verdadeiro vilão. Além dos apetrechos normais (cadeiras, guarda-sóis, esteiras, roupas de banho, chinelas, chapéus etc.), também devemos providenciar baralhos, livros e o computador portátil para as horas de tédio e de chuva, porque o clima anda traiçoeiro e não sabemos quanto tempo poderemos ficar presos em casas e apartamentos superpovoados.

Neste janeiro, acrescentamos um item novo em nossa bagagem. Roupas de inverno. Isso mesmo. Trouxemos casacos, camisas de manga comprida e meias grossas, temendo os invernicos que vêm ocorrendo no verão por conta das constantes frentes frias. Em breve, as casas de praia poderão acrescentar um elemento chique à sua decoração: lareiras. E compartilharemos com gaúchos e argentinos o estranho hábito de tomar mate quente enquanto nos sapecamos na areia.

Um detalhe. Não vai haver mais temporada de praia. A qualquer época do ano, teremos uma onda de calor e todos correrão para o litoral com bloqueadores potentes e saudades dos trópicos. Isso tem um lado bom, vai fazer com que o litoral deixe de ser um endereço procurado apenas sazonalmente.

Seja qual for o período em que descermos a serra, algumas coisas não mudam. O primeiro grande prazer da praia é chegar. Saímos prometendo a nós mesmos uma viagem calma, sem nervosismo nem pressa, pois estamos de férias e não há compromisso nenhum. Mas mal entramos na pista, disputando o espaço com veranistas ansiosos e caminhoneiros irritados, e já estamos numa competição para ver quem chega primeiro. Então, quando paramos o carro no destino final, todo mundo sente um grande alívio. É só descarregar as incontáveis malas, liberando os amortecedores do carro, e abrir a primeira cerveja para festejar a vitória.

Conscientes de que em nossa idade o maior mal é a comida, juramos não ultrapassar nunca um côngrio grelhado com legumes cozidos. E, no primeiro almoço, pedimos moqueca completa, sequência de camarão ou caldeirada de frutos do mar. E para dissolver tudo isso, mais cerveja, que vem meio quente.

Como não estamos habituados a tal regime, passamos a primeira tarde de praia mal do estômago, e acabamos na farmácia em busca de digestivos. Eis o segundo prazer da praia.

E sendo certo que logo choverá, estragando o curto período que reservamos para descansar, resolvemos aproveitar ao máximo o clima bom. Contra as recomendações médicas, segundo as quais se deve evitar o sol próximo do meio-dia, ficamos o tempo todo na areia. Assim, o próximo prazer é o alívio que pomadas trazem para as insolações.

Depois de colecionar estas e muitas outras alegrias, chega a hora de voltar para a rotina em meio a sufocantes congestionamentos. Mas há ainda a maior alegria de todas, que fica sempre para o final, que é planejar as próximas férias de verão. Que poderão acontecer já em julho.

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