• Carregando...
Flagrante do incêndio ocorrido na Avenida do Batel em 1941, quando o fogo destruiu a Fabrica de Cera Kosmos, arrasando-a totalmente | Acervo Cid Destefani
Flagrante do incêndio ocorrido na Avenida do Batel em 1941, quando o fogo destruiu a Fabrica de Cera Kosmos, arrasando-a totalmente| Foto: Acervo Cid Destefani
  • Aspecto da Ervateira Americana nas esquinas das ruas Comendador Araújo e Brigadeiro Franco, no início de 1940. Os engenhos de erva mate quando incendiados levavam, às vezes, dias com o material em combustão
  • O presidente do estado, Carlos Cavalcanti, compareceu acompanhado de outras autoridades para constatar os estragos ocorridos na Estação, no dia 1º. de julho de 1913
  • O famoso Cine Luz da Praça Zacarias, inaugurado em 1939, foi devorado pelas chamas num apavorante incêndio ocorrido no inicio de 1960
  • No primeiro dia de julho de 1913 uma tremenda detonação sacudiu Curitiba, um carregamento de explosivos do Exército foi pelos ares na Estação Ferroviária

O velho ditado popular aconselha, quando a barba do vizinho estiver pegando fogo, botar a nossa própria de molho, ou seja, dentro d’água. Exatamente é o que está acontecendo pelo Brasil inteiro após a tenebrosa tragédia da Boate Kiss, da cidade de Santa Maria no Rio Grande do Sul, as autoridades estão botando suas barbichas de molho. Precisou morrer mais de duzentos jovens, criaturas que farão faltas em suas famílias e também a pátria.

De norte a sul, ou melhor do sul ao norte, governadores, prefeitos, bombeiros, religiosos e mais quem esteja cuidando do bem geral do povo, acordou com a hecatombe gaúcha. Vamos revisar alvarás, fazer pente fino no interior dos tunguetes que exploram uma juventude que procura de alguma forma participar de momentos de lazer. O importante é achar, agora, uma maneira de aliviar a consciência nacional e mostrar serviço em favor da nação, não se envolvendo em desgastes políticos.

A bruxa esta solta nos pagos sulinos. Os gaúchos estão vivendo sob o crepe do luto pela tragédia e quase causa outra. Na noite do último dia 30 corria uma disputa futebolística entre o Grêmio de Porto Alegre e um time do Chile. No momento que ocorreu o gol do quadro local os espectadores se lançaram, numa onda humana, em direção ao alambrado do estádio recém terminado fazendo, dessa forma, uma comemoração que eles chamam de avalanche. O cercado não resistiu ao impacto da massa de torcedores fanáticos e o resultado foi que nove deles saíram feridos. E isto aconteceu mesmo com a presença da polícia.

Com tantos exemplos, inclusive com o acontecido aqui em Curitiba, como foi naquela invasão do Estádio Couto Pereira, as autoridades estão se precavendo de todos os problemas que possam surgir onde existir aglomerações em ambientes abertos e, principalmente, nos locais fechados como as danceterias onde a juventude gosta de se divertir, onde só existem entradas estreitas onde os clientes entram em fila indiana e em caso de tumulto a tragédia é previsível.

Em Curitiba, aconteceram diversos acidentes, com mortos e feridos. Em 1913, uma carroça descarregava explosivos do Exército na Estação da Estrada de Ferro, na Rua Sete de Setembro, um dos barriletes de fulminato foi ao chão explodindo toda a carga, mais de dez vitimas, além de animais mortos e o armazém da Estação violentamente destruído. Em 1928 o Edifício Garcez estava em construção, o Cine Palácio funcionava nos fundos da parte térrea e, para o público, chegar até a plateia tinha de transpor um pontilhão instalado na Rua Voluntários da Pátria. Na entrada da matiné de um domingo, a ponte afundou levando junto o público que suportava, vários mortos e feridos, na maioria jovens.

Explosões de depósitos de fogos de artifícios houve várias. Em 1936, o Café do Paiva funcionava na segunda quadra da Rua Comendador Araújo e nos fundos do estabelecimento estava instalado um depósito de fogos de artifícios, cujo material era produzido pela própria família que possuía a fabrica em Paranaguá, teve violenta explosão matando quatro pessoas da família Paiva, um carroceiro que passava na rua e, na casa em frente onde estava o estudante de medicina e repórter da Gazeta do Povo, Ciro Sans Duro, este foi atingido pela guilhotina da janela, também morrendo.

Acompanhando a onda de amargura que consterna a nação pela fatalidade abatida sobre a cidade de Santa Maria, sendo mais para lembrar que nós que vivemos neste mundo estamos sujeitos a acontecimentos imponderáveis, as ilustrações desta página neste domingo não tem nada a ver com o sentimento de nostalgia, mas sim com fatos ocorridos e que ficaram para a história da cidade.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]