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Rua XV de Novembro com automóveis pioneiros, em 1918 |
Rua XV de Novembro com automóveis pioneiros, em 1918| Foto:
  • Automóveis dentro do estádio do Coritiba Futebol Clube em 1932, durante a sua inauguração
  • Acidente com carro e bonde na Rua Barão do Rio Branco. 1930
  • Rua XV com desfile de fordecos e ramonas, em 1930
  • Piquenique na beira da estrada. O automóvel como transporte ao lazer. 1930
  • Época da guerra, carros a gasogênio, Rua XV em 1945
  • Prova de balizas no interior do Passeio Público, em 1948
  • Avenida Luiz Xavier e Rua XV em 1972, ainda com circulação de automóveis

Tudo começou em 1903, quando o industrial Francisco Fido Fontana adquiriu o primeiro automóvel que circulou em Curitiba. A febre foi pegando devagar, e o próprio Fontana montou a sua revendedora junto com a primeira oficina mecânica que existiu na cidade. Seus primeiros fregueses foram os industriais da erva-mate, ou seja, os ricaços da época.Cândido de Abreu, quando prefeito em 1912, tratou de adquirir um automóvel e dois caminhões para servirem à prefeitura. O presidente do estado, Carlos Cavalcanti, se preocupou em aparelhar o Corpo de Bombeiros com os seus primeiros veículos automotores. Vagarosamente, os primeiros calhambeques particulares, seguidos pelos de aluguel, saíram saracoteando pelas poucas ruas calçadas do centro e também se aventurando pelos arrabaldes com suas ruas de saibro ou pelas estradas de terra, então próprias para o trânsito das carroças coloniais.

As primeiras leis de trânsito para os automóveis saíram já em 1913, promulgadas pelo prefeito. Uma das exigências era de que o condutor somente poderia dirigir após prestar um exame provando estar apto para conduzir um automóvel, quando então recebia a carta de chauffer. Essa exigência foi reforçada pelo acontecimento de alguns acidentes. Sendo o mais grave o ocorrido no bairro do Portão, quando um automóvel da garagem do Fontana, dirigido por um chofer de sobrenome Kaminski, atropelou uma colona que tentava acalmar os cavalos de sua carroça, assustados com o barulho do carro. Pelos ferimentos recebidos, a mesma veio a falecer logo à noite. Essa infeliz acidentada era bisavó do vereador João Cláudio Derosso.

O tempo foi passando, e os automóveis foram aparecendo na paisagem da cidade. Símbolos de status eram ostentados pelas ruas, sendo a Quinze de Novembro preferida para tais desfiles, quando os exibicionistas circulavam da Praça Osório até a Praça Santos Andrade e vice-versa. Nos carnavais, a partir da década de 1920, os automóveis eram imprescindíveis no corso, levando como passageiras as belas foliãs curitibanas.

Os automóveis que circulavam pela cidade eram importados. Carrões americanos; os menores e mais econômicos, vinham da Europa. No final da década de 1950, surgiram os primeiros veículos nacionais. No começo eram apenas montados no Brasil, sendo a fabricação iniciada por volta dos meados de 1960. No princípio, a presença desses automóveis era vaga. Mas agora, passado quase meio século, o volume de carros pelas ruas da cidade chega a ser caótico.

Hoje, o feliz proprietário de um automóvel sustenta uma quantidade de pessoas e entidades que orbitam em torno do seu veículo. Para todos, tem ele de comparecer com impostos municipais, estaduais e federais. Licenças e multas contribuem para encher os cofres. As nossas viaturas são verdadeiras galinhas dos ovos de ouro, que sustentam as mais diversas modalidades de arrecadações. Em não bastando, o afortunado usuário tem de colaborar com flanelinhas, cuidadores, vendedores de esquinas. Isso quando não for premiado com o roubo de seu carango de estimação. Pilhagem ao que nos parece muito difícil de desvendar, passando, no entanto, a constar como estatística tão ao gosto das provas de nossa polícia.

Atualmente, para se tirar ou renovar a carteira de habilitação no Detran existem filas imensas, horas e horas de vai pra lá e vem pra cá. Lembro perfeitamente quando me habilitei, há 53 anos: o exame constava de conhecimentos da sinalização existente nas vias públicas. Era o famoso exame de balizas e a condução do automóvel pelas ruas centrais. Meu examinador foi o saudoso inspetor Mário Guerra, lá no longínquo 1956. Agora para renovar a bendita carteira fui prestar exame sobre direção defensiva, coisa que não devo ter aprendido nesse mais de meio século dirigindo pelas ruas das cidades e pelas estradas desse Brasil.

Viva a cornucópia que eu dirijo em favor dos mais diversos cofres públicos, a única coisa que resta é comentar: O caos demorou, mas chegou ao atendimento das dependências do insólito Detran do Paraná.

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