
Curitiba da atualidade está beirando o caos em alguns itens importantes para a qualidade de vida, principalmente no que tange à segurança e ao tráfego de veículos. Entretanto, não foi sempre assim. A cidade pacata começou a desaparecer no final da década de 1950, com a economia cafeeira desovando verbas que permitiram a construção dos primeiros arranha-céus e a mais espetacular das obras governamentais: o Centro Cívico, hoje ainda inacabado.Vamos, no entanto, dar um mergulho em outras épocas, através da máquina do tempo que dispomos: a Nostalgia. Vamos deixar para trás algumas décadas e voltamos para o fim do século dezenove e começo do vinte. Quando ainda pioneiros davam o ar da graça na incipiente Curitiba. Vamos até o ano de 1880, época em que circulou por aqui o fotógrafo Julio Durski, vindo de Sorocaba. Existem duas fotos, de que se tem conhecimento, feitas na viela de maior movimento comercial e presença de colonos: a Rua Fechada, que hoje tem o nome de José Bonifácio.
A imagem nos mostra as casas comerciais de Gustavo Tenius, que funcionavam com uma padaria; em seguida, vemos a loja de José Hauer, onde se vendiam tecidos, ferramentas e outros utensílios. Esse Hauer é tronco de tradicional família curitibana e ficou rico, pois, além da casa comercial, foi proprietário da usina termelétrica instalada no Capanema. Voltou para a Alemanha, onde faleceu no início da década de 1930, na cidade de Wiesbaden. A história desse imigrante é uma das mais belas que conhecemos, pelo agradecimento à terra que lhe deu fortuna.
As diversões dos curitibanos, além do Passeio Público, eram modestas em 1895. Não existiam cinemas, e algum circo mambembe dava as caras muito raramente; teatros existiam dois: o São Theodoro, depois Guayra, e o Hauer. Esse último mais para atender a colônia alemã. As companhias que se apresentavam eram estrangeiras portuguesas, espanholas e italianas , normalmente com espetáculos musicais como operetas e zarzuelas. Não poderia deixar de atrair bom público como uma tourada em arena montada no Largo Tereza Cristina hoje Praça Santos Andrade , em outubro de 1895.
Na mesma Praça Santos Andrade vemos, em foto de 1910, o descampado onde colonos faziam suas paradas com suas carroças, muitas delas tracionadas por juntas de bois. Nesse mesmo local, anos depois, seria erguido o prédio da Universidade do Paraná. Saltando mais à frente, vamos até o Quartel da Polícia, onde, em 19 de dezembro de 1915, aparece o general Carlos Cavalcanti de Albuquerque, então presidente do estado, condecorando os sobreviventes da Batalha do Irany, ocorrida em outubro de 1912, quando se principiou a Campanha do Contestado.
Ainda em 1915, no mês de maio, foi feita a fotografia da futura sede da prefeitura de Curitiba sendo construída dentro do antigo Mercado Municipal as paredes do mercado serviram como tapume para a obra. O prédio foi inaugurado em 1916, e o seu idealizador, Cândido de Abreu, até então prefeito municipal, não teve a glória de inaugurá-lo, pois já se encontrava fora da função.
Termino esta volteada nos velhos tempos fazendo uma homenagem ao amigo Milton Weiser, proprietário da loja Eletrolândia, publicando a fotografia da Alameda Dr. Murici entre a Rua André de Barros e a Avenida Visconde Guarapuava. A foto é de autoria de Arthur Wischral e foi feita em janeiro de 1939.








