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Venda de DVDs piratas no Terminal de Santa Felicidade: menos espaço para circulação. | Hedeson Alves/Gazeta do Povo
Venda de DVDs piratas no Terminal de Santa Felicidade: menos espaço para circulação.| Foto: Hedeson Alves/Gazeta do Povo

O comércio ambulante conquistou um lugar sagrado nos terminais de ônibus de Curitiba. Cada vendedor tem o seu ponto e o dever de respeitar o espaço do outro. Caso contrário, há confusão na certa. Aos usuários do transporte público restou contentar-se com o espaço de piso que sobra entre um tapete e outro de filmes e jogos piratas, sandálias, chinelos, carteiras, cigarros contrabandeados, entre outros. A oferta e a demanda são tantas que o poder público não tem dado conta de coibir o comércio ilegal.

No Terminal de Santa Felicidade, por exemplo, há embarques e desembarques dos dois lados da estreita faixa pelo qual é formado. O espaço que deveria servir para circulação de pedestres está tomado pelos vendedores e seus tapetes de mercadorias. Nos horários de pico, quando o terminal está mais cheio, o problema se torna ainda mais crônico, segundo usuários. "Eles atrapalham muito porque este terminal é muito estreito. A gente fica se batendo. Com a aglomeração de pessoas, às vezes chego a perder ônibus", conta a assistente administrativa Ivanise Lemes dos Santos, 39 anos.

Em outros terminais a situação não é diferente. No do Fazendinha, o esquema é semelhante ao de Santa Felicidade: o comércio ambulante ocorre na estreita faixa entre as plataformas, dificultando a circulação dos pedestres. No Terminal do Campina do Siqueira, os ambulantes concentram-se no túnel que liga os dois lados. No do Sítio Cercado, o horário de pico do comércio informal é depois das 19 horas.

Em comum, em todos os casos, está a qualidade duvidosa das mercadorias. "Eu comprei uma vez um perfume, mas não era bom. Eles apresentam uma marca, mas não é nada daquilo", conta o auxiliar de reposição Joel dos Santos, 52 anos. Outros consumidores são mais persistentes. "Eu compro DVD pirata no terminal porque é mais barato. Às vezes, chego em casa e não funciona. Mas eu volto e eles trocam", conta a estudante Maíra (nome fictício), 14 anos.

Joana (nome fictício), 44 anos, deixou o emprego de diarista há dois anos para montar uma banquinha improvisada de cigarros contrabandeados em um dos terminais mais movimentados da cidade. Ela não se arrepende. "Eu tiro mais ou menos a mesma coisa, mas o trabalho é menos pesado. Só preciso ficar dando o cigarro e pegando o dinheiro. Tiro cerca de R$ 1,2 mil", diz.

Segundo ela, o lucro nos negócios é facilitado pela exclusividade de sua mercadoria naquele ponto. "Só há uma banca de cigarro por terminal", explica ela. A fiscalização também não é problema. De acordo com Joana, os fiscais passam recolhendo tudo cerca de duas vezes por semana. "Mas, às vezes, eles ficam sem passar 10, 15 dias", conta. Em dois anos, perdeu toda a sua mercadoria apenas por duas vezes. "Aí tive de emprestar a mercadoria do fornecedor para começar tudo de novo", conta.

De acordo com a assessoria de imprensa da prefeitura de Curitiba, a fiscalização do comércio ambulantes nos terminais de ônibus é feita pela Guarda Municipal, pela Urbs e pela Secretaria Municipal de Urbanismo em ações isoladas. Uma ação conjunta dos três órgãos, segundo a prefeitura, está sendo preparada para combater este tipo de comércio.

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