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Brasília – Relatório produzido pelas polícias civis de São Paulo e do Rio de Janeiro em poder da CPI do Tráfico de Armas revela como atuam as três maiores organizações criminosas do país. O documento de 120 páginas, ao qual o site Congresso em Foco teve acesso, mostra como impõem o seu poder de mando os líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC), do Comando Vermelho (CV) e do Terceiro Comando.

O texto é produto de um pedido feito às forças policiais dos dois estados por um subgrupo da Comissão de Segurança Pública (CSP) da Câmara. Já em 2003, o subgrupo pretendia apurar como essas organizações se infiltraram no sistema prisional brasileiro e davam ordens de ação para fora das cadeias. O trabalho foi coordenado pelo deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), promotor de Justiça, e teve como relatora a deputada Laura Carneiro (PFL-RJ), advogada.

A primeira parte do texto, formada por dois inquéritos da Polícia Civil paulista de 2002 e 2003, mostra como se formou e se estruturou em São Paulo o PCC. Com base em escutas telefônicas e delações de investigados, a polícia montou um dos primeiros quadros detalhados de como a facção operava no estado. E identificou, entre outras coisas, 21 contas bancárias movimentadas por integrantes da organização para guardar e contabilizar parte dos lucros que obtêm com os delitos praticados.

Retratado num inquérito policial (IP 27/2002) do Departamento de Investigações sobre Crimes Patrimoniais (Deic), o texto produzido em 6 de junho de 2002 e assinado pelo delegado Alberto Pereira Matheus Junior sentencia logo no início: "O PCC preenche todos os requisitos necessários para ser conceituado como uma organização criminosa". E justifica: "Conta com uma clara estrutura hierárquica, economia própria, baseada no tráfico de drogas ilícitas, roubos, seqüestros e extorsões e um estatuto que regula os seus objetivos, bem como os direitos e deveres dos associados".

Numa breve descrição histórica, o documento aponta que a organização foi fundada em 1993 por presos que estavam no presídio de segurança máxima de Taubaté (SP), descontentes com o rigoroso tratamento de lá. As ações violentas começaram dentro do próprio sistema prisional, com assassinatos, rebeliões e fugas. De lá, os idealizadores da facção também difundiram seus conceitos bem particulares de "injustiça social" à população carcerária, sob o lema "justiça, paz e liberdade".

O grupo ganhou força pelos presídios do interior de São Paulo e se espalhou por outros estados. Uma das maravilhas mais recentes da tecnologia, o telefone celular, acabou servindo como instrumento indispensável para que os líderes do PCC passassem a controlar a massa dos presos recolhidos nos estabelecimentos penais do estado, segundo a polícia.

"A ágil comunicação, facilitada por telefones celulares introduzidos clandestinamente nas penitenciárias, aliada à estrutura hierárquica piramidal criada e imposta pelos seus líderes, por intermédio da violência, permitiram que o organismo passasse a dominar todo o sistema."

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