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Área foi invadida em 21 de setembro por cerca de 200 integrantes do Movimento Sem-Terra. Na tentativa de reintegrar a posse, seguranças da NF entraram em confronto com integrantes do MST | Arquivo/Gazeta do Povo
Área foi invadida em 21 de setembro por cerca de 200 integrantes do Movimento Sem-Terra. Na tentativa de reintegrar a posse, seguranças da NF entraram em confronto com integrantes do MST| Foto: Arquivo/Gazeta do Povo

Acusados

O ruralista Alessandro Meneghel e O dono da NF Nerci de Freiras

Seguranças

Luciano Resende, Fabiano dos Santos, Alexandre de Jesus, Wanderley Machado, Rodrigo de Oliveira Ambrósio, Vanderli Girardi, Wganer Júnior Provensi, Marcelo Victor Stieven e Alexandre Magno Winche Almenida

Sem-terra

Celso Ribeiro Barbosa, Célia Aparecida Lourenço, Isabel Maria Nascimento Souza, Wanderlei Felipe da Silva, Domingos Barate, Vilmar de Freitas Martinelli, Alcides de Almeida Bueno e Josemar Rauber Machado

O confronto armado entre seguranças da NF segurança e sem-terra ocorrido há um ano na fazenda experimental da multinacional Syngenta Seeds (área doada pela empresa ao estado recentemente) permanece sem desfecho. A troca de tiros na área localizada em Santa Tereza do Oeste, na região de Cascavel, terminou com a morte do segurança Fábio Ferreira de Souza e do líder sem-terra Valmir Mota de Oliveira, conhecido como Keno. De acordo com o Ministério Público de Cascavel, o processo é muito extenso e apenas os réus e as testemunhas de acusação foram ouvidos até agora. Todas as 19 pessoas denunciadas pelo MP (oito integrantes dos sem-terra, um fazendeiro, o dono da NF e outros nove seguranças da empresa) respondem à Justiça em liberdade.

De acordo com o promotor Marcelo Beck, a multiplicidade de réus e vítimas implica num número muito grande de pessoas a serem ouvidas e atrasa o processo. "Só de testemunhas da denúncia são 34 pessoas", lembra. "Depois são ouvidas as testemunhas arroladas pela defesa e o juiz dá a sentença de pronúncia e os réus vão a julgamento", lembra. Segundo o MP, a denúncia foi oferecida à 1.ª Vara Criminal de Cascavel em dezembro de 2007 e deve se arrastar. "O processo está numa fase inicial", afirma Beck.

A advogada dos sem-terra citados na denúncia do MP, Gisele Cassano, diz que os membros do movimento "esperam que a Justiça aponte os responsáveis pelo ataque". Segundo a advogada, Alessandro Meneghel, presidente da Sociedade Rural do Oeste do Paraná, acusado pela família de Keno (em dezembro), por ter supostamente comandado a ação é o único dos réus que não responde por homicídio. "A Isabel (Maria Nascimento Souza, uma das feridas no confronto), levou um tiro no olho e a bala ficou alojada na coluna. Ela é vítima e está sendo acusada de homicídio", explica.

A reportagem não conseguiu encontrar Meneghel, mas na época, ele informou à Gazeta do Povo que a acusação não passava de uma estratégia dos para tentar desestabilizar a investigação.

Beck disse que Meneghel não é acusado de homicídio porque não fez parte do confronto armado. "Ele está sendo acusado por formação de quadrilha e exercício arbitrário das próprias razões - ou fazer justiça com as próprias mãos", diz. De acordo com o promotor, quem está sendo acusado como mandante do ataque seria o dono da empresa NF segurança, Nerci de Freitas.

O advogado Hélio Ideriha Júnior, defensor dos interesses dos seguranças e da empresa NF Segurança, simplificou dizendo que a Justiça está sendo imparcial e que já juntou provas em benefício dos réus. "Se o juiz decidir mandar os réus a júri, vamos estar preparados", afirma.

Há um ano

A fazenda da Syngenta, que fazia experiências com material geneticamente modificado, havia sido desocupada em julho daquele ano após diversas liminares que obrigaram o governo a cumprir a reintegração de posse. A área foi invadida novamente na madrugada do dia 21 de outubro por cerca de 200 integrantes do Movimento Sem-Terra. Na tentativa de reintegrar a posse da área, seguranças da NF entraram em confronto com integrantes do MST. Os seguranças presos na época teriam confirmado a participação no conflito. Eles afirmaram para a polícia terem sido contratados pelo Movimento dos Produtores Rurais para retirar pessoas que tentassem invadir a área. Quatro seguranças foram presos e o dono da NF. Dois sem-terra tiveram prisão preventiva decretada, mas não chegaram a ser presos, pois estavam fora do país: Celso Ribeiro Barbosa e Célia Parecida Lourenço. Todas as prisões foram revogadas.

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