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Bahia

Confronto entre índios e fazendeiros tem o 1º morto na Bahia

A fazenda onde um homem foi morto está na rota de propriedades que os índios pretendem invadir

Um funcionário de uma fazenda de Pau Brasil (550 km de Salvador) levou um tiro na cabeça e tornou-se o primeiro morto do confronto entre índios pataxós hã hã hãe e fazendeiros no sul da Bahia, segundo a Polícia Federal.

Júlio César Passos Silva, 31, foi morto ontem, mas o corpo só foi encontrado na tarde de hoje por funcionários de uma funerária e policiais que estão na área conflagrada.

O corpo estava na fazenda Santa Rita, que pertence ao ex-prefeito de Pau Brasil Durval Santana (DEM).

A filha do ex-prefeito, Sonyr Santana, disse que ainda não havia sido informada sobre a morte e que estava aguardando um contato da PF.

A PF apura se Silva foi atingido durante confronto com os índios. A fazenda está na rota de propriedades que os índios pretendem invadir. Ontem, na mesma região, o pataxó Ivanildo dos Santos, 29, levou um tiro na perna -ele não corre risco de morte.

Segundo o delegado da Polícia Federal Alex Cordeiro, ontem já havia rumores de que um trabalhador da fazenda havia sido morto, mas a informação não tinha sido confirmada.

Ele disse que a bala que matou a vítima entrou pela nuca e se alojou perto do olho. O corpo do funcionário foi levado hoje à tarde para a cidade de Pau Brasil.Invasões

A morte do trabalhador eleva a temperatura do conflito fundiário. Desde o início do ano, os índios pataxós deflagraram uma série de invasões a propriedades dos municípios de Pau Brasil, Camacan e Itaju do Colônia. Foram 68 até agora.

A tomada das áreas faz parte de uma estratégia dos pataxós para pressionar o Supremo Tribunal Federal para julgar a ação civil de 1982 que busca a anulação dos títulos de 396 propriedades concedidos pelo Estado da Bahia. O objetivo é criar uma reserva indígena na área.

Os fazendeiros contestam a Funai na ação e alegam que a área reivindicada nunca pertenceu aos pataxós.Front baianoAs hostilidades entre índios e fazendeiros ganharam corpo nesta semana. Na área onde ocorreu a morte do funcionário, a Folha de S.Paulo constatou a presença de homens armados.Eles estão em uma espécie de bunker dentro da propriedade de Durval Santana, que nega a contratação de seguranças armados, e também circulam por uma estrada rural que liga o rio Pardo à cidade de Pau Brasil.Ontem, uma equipe da Folha de S.Paulo foi rendida por 12 homens armados, interrogada e expulsa do local.

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