Para o historiador José Augusto Leandro, professor da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e que pesquisa a história da hanseníase no Brasil, a decisão do governo federal em pagar a pensão de R$ 750 aos isolados compulsariamente é tardia, porém justa. "Essa decisão tem uma importância histórica muito grande porque é uma das poucas conquistas sociais de um movimento de doentes, no caso, o Morhan", avalia.
A política de isolamento começou na década de 20, com o primeiro hospital-colônia no Pará, em 1924. No Paraná, o hospital-colônia São Roque atual Hospital Dermatológico Sanitário do Paraná (HDSP), em Piraquara , passa a funcionar em 1926. Porém, foi no primeiro governo de Getúlio Vargas (1930-37) que a política sanitária de confinamento ganhou força. E o grande incentivador foi um paranaense de Imbituva, nos Campos Gerais: o médico e farmacêutico Heráclides Cézar de Souza Araújo, então chefe do Laboratório de Lepro-logia do Instituto Oswaldo Cruz, atual Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro.
Vale ressaltar que à época não havia sido descoberta a medicação para a doença. "Mesmo assim, havia outras formas de tratamentos mais humanos, co-mo o isolamento residencial", argumenta o historiador.
No Paraná, não se sabe quantas pessoas foram confinadas no antigo Hospital São Roque. Entretanto, algumas estimativas dão idéia do movimento. "Na década de 70, cerca de 1,2 mil pessoas viveram aqui no mesmo período", ilustra a diretora-administrativa do HDSP, Mara Lucia Gomes Dissenha.
Quanto ao preconceito sobre a doença, Mara afirma que a realidade ainda não mudou muito. "As pessoas ficam espantadas quando descobrem que eu trabalho em um hospital que atende hanseníacos. Perguntam como, em 20 anos, eu nunca peguei a doença", afirma.



