
São Paulo Depois de meses de queda-de-braço com as autoridades aéreas, os controladores de vôo radicalizaram e decidiram paralisar as operações aéreas em todos os aeroportos do país a partir das 18h45 de ontem.
Os controladores exigem a desmilitarização do trafego aéreo, melhoria dos equipamentos e criação de uma carreira de Estado. Na terça-feira, o presidente Lula exigiu soluções imediatas, com dia e hora para serem anunciadas.
A paralisação em todo o país foi o segundo passo de uma mobilização que começou no fim da manhã de ontem, em Brasília, quando cerca de 200 controladores se aquartelaram e iniciaram uma greve de fome. A decisão de interromper as atividades em todo o Brasil ocorreu na própria sede do Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo (Cindacta 1), em Brasília, depois que os sargentos foram advertidos pelo próprio comandante da unidade, coronel Carlos Aquino, para que refletissem sobre o aquartelamento.
O coronel avisou que não hesitaria em "usar o regulamento" e lembrou que os subordinados poderiam ser enquadrados por promoverem um motim. Irritados com as ameaças, os controladores resolveram suspender a greve de fome e partir para a paralisação total dos vôos. A decisão dos controladores de Brasília também foi seguida pelos profissionais de outros centros de controle do tráfego aéreo, como o de Curitiba (veja reportagem nesta página), Manaus, Salvador e Rio de Janeiro.
Prisão
Por volta das 20h30, uma procuradora da Justiça Militar se dirigiu às instalações do Cindacta 1, em Brasília, para conversar com os controladores. O aparato militar montado nas imediações do Cindacta indicam que as autoridades militares poderiam dar voz de prisão aos controladores militares.
O estopim para o início da movimentação foi a transferência obrigatória de um sargento controlador do Cindacta 1 para o centro de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Segundo a Aeronáutica, "por necessidade do serviço". O sargento, identificado apenas como Edileuso, era diretor de mobilização da Associação Brasileira dos Controladores de Vôo.
Sem solução
Na tarde de ontem, o ministro da Defesa, Waldir Pires, fez uma reunião em Brasília com a cúpula do setor aéreo para discutir a nova crise com a paralisação dos controladores. Em entrevista após a reunião, Pires disse que as soluções para o setor de tráfego aéreo não são instantâneas e o governo não vai negociar com os controladores.
O ministro disse ainda que os problemas no controle do tráfego aéreo "são fatos antigos, vêm de decênios" e acrescentou que "estão sendo estudadas soluções" para serem encaminhadas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As soluções, segundo ele, podem sair a qualquer momento, mas fez a ressalva de que não tem "condições de dizer o dia e a hora", como havia cobrado o presidente.



