São Paulo - Em nota divulgada ontem, a Associação Brasileira de Controladores de Tráfego Aéreo, ABCTA, negou que a operação-padrão implantada pelos próprios controladores de tráfego aéreo há oito dias tenha a intenção de iniciar um "leilão de benefícios" entre a categoria e o governo. No documento, a instituição afirma que a decisão de restabelecer à força os padrões internacionais de segurança visa apenas reduzir o risco de acidentes.
As insinuações de que a crise traria benefícios para os controladores ganhou força na noite de quinta-feira, quando o ministro da Defesa, Waldir Pires, admitiu pela primeira vez estudar atender em breve antigas reivindicações da categoria como a criação de uma carreira, a concessão de gratificações e a desmilitarização do setor.
Os problemas do sistema de controle de tráfego aéreo brasileiro ganharam notoriedade com a queda do Boeing da Gol ocorrida no último dia 29 de setembro, em uma região de mata fechada em Mato Grosso. Os 154 ocupantes da aeronave morreram. Depois de um mês de denúncias quanto à sobrecarga do setor, os controladores decidiram elevar a distância entre os aviões e reduzir para 14 o número de aeronaves vigiadas por cada um. O resultado foi uma seqüência de atrasos e cancelamentos de vôos.
Em resposta, a Aeronáutica fez uma convocação extraordinária ao trabalho e reforçou a equipe do Cindacta 1, em Brasília, inclusive com militares da reserva. Nos dias anteriores, diversos controladores do Cindacta 1 haviam pedido afastamento de suas funções por problemas de saúde.



