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Brasília – Escalado para ser o negociador do governo com os controladores de vôo, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, se reuniu ontem com representantes da categoria para negar o acordo costurado por ele próprio na sexta-feira para pôr fim à greve que paralisou os aeroportos de todo o país. No encontro, que começou tenso, Bernardo repassou mensagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e foi duro. "O governo não negocia com a faca no pescoço." O tom da reunião foi bastante diferente do da negociação de sexta-feira, na qual o governo se comprometeu, entre outras coisas, a não punir culpados. A nova estratégica do governo deu certo. Acuados, os controladores se viram obrigados a recuar "para não arrebentar a corda".

Ao longo de quase uma hora, Bernardo deixou claro que o governo não ficaria refém dos controladores e exigiu mudança de postura deles para que o governo venha discutir e atender, ao menos, parte do pleito da categoria. Um dos principais desejos dos controladores, a desmilitarização do setor, que será feita por meio de medida provisória (MP), foi mencionada superficialmente pelo ministro. Bernardo avisou que ela segue adiante desde que os controladores continuem trabalhando dentro da normalidade, ou seja, evitando transtornos como o de sexta-feira à população. "Fica muito difícil negociar e discutir com constantes ameaças de retomada de movimento, de fazer greve novamente, e transformar a Páscoa em um inferno", disse o ministro.

Ao fim do encontro, Bernardo seguiu para o Planalto onde conversaria com o presidente Lula. Os controladores deixaram o encontro com Bernardo pela garagem do ministério, evitando a imprensa. Mas já tinham assegurado ao ministro que não fariam greve durante o feriado da Páscoa.

Só no fim da tarde, depois de avaliarem o posicionamento do governo, os controladores decidiram apaziguar os ânimos. Eles acham que o governo endureceu por pressão e que vai voltar a negociar depois.

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