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Na cozinha comunitária São José, as funcionárias Jocielen Ribeiro da Silva, Tecla Ruzik, Maria de Lourdes Oliveira e Maria Aparecida de Almeida | Hugo Harada/ Gazeta do Povo
Na cozinha comunitária São José, as funcionárias Jocielen Ribeiro da Silva, Tecla Ruzik, Maria de Lourdes Oliveira e Maria Aparecida de Almeida| Foto: Hugo Harada/ Gazeta do Povo

Vamos fazer um bolinho?

No bairro Vila Oficinas, em Curitiba, uma creche abriga uma cozinha comunitária criada a partir de um projeto do governo estadual. A voluntária e ex-diretora da Creche Comunitária Casa da Criança São José, Maria de Lourdes Rusik de Oliveira conta que desde 2003 a entidade abriga a cozinha, mantida com ajuda do Provopar.

Ontem, a cozinha ficou movimentada com a produção de itens para o Dia das Crianças, como os cupcakes, que foram distribuídos aos alunos (foto acima).

"Além das refeições, oferecemos cursos e abrimos espaço para a comunidade. Há um rapaz que faz curso de panificação que não tem onde ‘treinar’, então ele usa a nossa cozinha", diz ela.

Hoje a cozinha comunitária é responsável pelo café da manhã das 120 crianças atendidas em período integral, produz cafés para eventos (os coffee breaks) e vende cerca de 25 pães por dia para pais, funcionários e a comunidade do entorno da creche. Mas Maria de Lourdes conta que uma das principais atividades da cozinha é fornecer capacitação para outras entidades montarem suas cozinhas comunitárias. "Os cursos duram três dias e são gratuitos. Temos um acordo com o governo do estado e vamos até as cidades para explicar como funciona e incentivar outras entidades."

Paraná

Cozinhas do estado receberão este ano R$ 2,7 milhões do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome para modernização:

Perfil: Funcionam hoje 136 cozinhas comunitárias, das quais 15 serão modernizadas neste ano. Sete cozinhas estão em fase de implantação.

Bom atendimento: Apenas três municípios paranaenses não possuem cozinha comunitária associada ao MDS: Foz do Iguaçu, Paranaguá e Toledo. Curitiba é a que tem mais unidades, 12. Depois vem Apucarana com cinco cozinhas, e Nova Cantu e Palmital com quatro cada uma.

Prato na mesa: 20.622 refeições são servidas, em média, por dia.

Mão na massa: Trabalham em uma cozinha comunitária pelo menos um nutricionista, dois cozinheiros e três auxiliares de cozinha.

Montar e manter uma cozinha industrial requer investimentos em equipamentos e mão de obra muitas vezes altos demais para associações e entidades de auxílio ao próximo. Porém, com a participação de voluntários e de instituições, inclusive do poder público, é possível preparar e vender refeições saudáveis e balanceadas a preços acessíveis. Além de gerar renda para famílias carentes e organizações sem fins lucrativos, as cozinhas comunitárias podem servir como estratégia de Estado no combate à fome.

O governo federal, por meio do Ministério do De­­sen­­vol­­vi­­men­­to Social e Combate à Fome (MDS), articula, desde 2003, a implantação e o apoio a mais de 400 cozinhas desse tipo em todo o Brasil. No Paraná são 136 unidades em funcionamento e mais sete em construção, o que coloca o estado na liderança em espaços desse tipo, segundo o site do MDS. Apenas os municípios de Foz do Iguaçu, Paranaguá e Toledo não têm cozinhas vinculadas ao MDS.

O Projeto de Incentivo à Instalação de Cozinhas Comunitárias é uma das ações do MDS voltadas a garantir o direito humano à alimentação adequada, combatendo a insegurança alimentar. A professora do curso de Serviço Social Jucimeri Silveira, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), explica que segurança alimentar é garantir comida à população, mas com qualidade. Ela conta que, além da questão nutricional, as cozinhas comunitárias – espaços construídos e equipados para produzir alimentos a baixo custo –, também têm por objetivo gerar renda. "Elas não estão desvinculadas da agricultura familiar. Elas integram pequenos agricultores, que acabam inserindo seus produtos em espaços públicos", fala.

Investimento socializado

O professor Newton Mar­­ques, do Centro de Estudos Avançados Multidisciplinar da Universidade de Brasília (UnB) e membro do Conselho Federal de Economia, mostra que este trabalho comunitário gera benefícios visíveis. "É um ganho de escala: quanto maior a produção, maior a diluição dos custos. O equipamento é caro. Em poucas pessoas não haveria condições de comprá-lo. Mas como a cozinha comunitária leva em consideração o trabalho de muitos, os custos são socializados, possibilitando preços mais baixos que os de mercado."

Marques diz que essas cozinhas são uma política pública com reflexos na geração de renda rápida, por abrir vagas de trabalho a diversos profissionais. "Melhora a autoestima das pessoas e amplia a circulação de renda local. É uma boa forma de aplicar o dinheiro público", diz ele.

ImplantaçãoPrograma nasceu com o objetivo de atender a assentados

O programa do governo federal existe desde 2003 e surgiu da necessidade de equipar os assentamentos e acampamentos da reforma agrária e as associações comunitárias.

O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome apoia a instalação das cozinhas desde a construção, compra de equipamentos e material de consumo, mas o custeio da manutenção desses espaços fica a cargo da instituição responsável.

O objetivo é a produção de refeições saudáveis e balanceadas, com produtos regionais a preços acessíveis ou gratuitos para a população mais necessitada.

Edital

Para montar uma cozinha comunitária, após o lançamento de um edital público é feita a seleção de entidades participantes. O contrato formaliza o repasse de recursos pela Caixa Econômica Federal aos municípios beneficiados.

Porém, o último edital foi destinado somente para modernizar ou qualificar as existentes, e não para a ampliação do número de unidades no país.

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