Brasília O escândalo do dossiê derrubou ontem o presidente do PT, Ricardo Berzoini, da coordenação da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nota divulgada à noite pela assessoria da campanha petista informou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu indicar seu assessor especial Marco Aurélio Garcia para substituir Berzoini.
Lula decidiu também pedir o afastamento de Oswaldo Bargas da campanha petista. Ele comandava o grupo que participou da tentativa de compra do dossiê contra os tucanos. Berzoini deverá deixar também a presidência do PT, mas essa fórmula seria discutida pela Executiva do partido, e não pelo presidente da República.
Como Garcia já é o primeiro vice-presidente do PT, o mais provável é que Berzoini se afaste ou renuncie em benefício dele, que exerceria o posto temporariamente. Mais à frente, em reunião extraordinária do diretório, novo presidente seria apontado. Berzoini foi eleito por voto direto dos filiados no final do ano passado e é candidato a reeleição para deputado federal por São Paulo.
Depois de ter conversado por volta do meio-dia com Lula no Palácio da Alvorada, Berzoini foi chamado à noite para uma reunião de emergência na qual seria comunicado da decisão de tirá-lo do comando da campanha presidencial petista. A cúpula do governo avalia que Berzoini teve ciência de que auxiliares na campanha tentaram comprar um dossiê contra o candidato do PSDB ao governo paulista, José Serra.
As explicações de Berzoini foram consideradas insuficientes por Lula e auxiliares, que preferiram afastá-lo a fim de evitar que o escândalo contamine a chance de o presidente se reeleger em primeiro turno.
Ao longo da tarde de ontem, depois de ter dado entrevista dizendo que Lula não discutira sua saída numa reunião pela manhã, o próprio Berzoini admitiu a membros do comitê petista que cometera um erro que poderia lhe custar o cargo.
Logo de manhã, Lula e auxiliares aventaram a possibilidade de Garcia substituir Berzoini. Houve também sugestão para que o deputado federal José Pimentel (PT-CE) assumisse o posto. Pimentel, sondado, disse que tinha dificuldades para se eleger e que preferia cuidar de sua campanha.
A situação de Berzoini se fragilizou bastante desde que ele foi obrigado a admitir que tinha conhecimento de que dois subordinados, Jorge Lorenzetti e Oswaldo Bargas, tentaram divulgar à imprensa um dossiê contra Serra. Berzoini nega que soubesse do teor do dossiê.
Com o surgimento das denúncias contra petistas próximos a ele, Berzoini viu evaporar sua esperança de ser um dos cardeais de um segundo mandato de Lula. Nas palavras de um membro da coordenação, ele foi "rifado" por Lula.



