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Desde o nascimento de Julia, há oito meses, Cláudia Maria mantém o colchão inclinado e o berço livre de almofadas | Antonio Costa/Gazeta do Povo
Desde o nascimento de Julia, há oito meses, Cláudia Maria mantém o colchão inclinado e o berço livre de almofadas| Foto: Antonio Costa/Gazeta do Povo

A principal causa de morte em acidentes de crianças com até 1 ano de idade no Brasil é a sufocação, de acordo com dados do Datasus/Ministério da Saúde, referentes ao ano de 2007 e informados pela ONG Criança Segura. Um dos maiores fatores de risco nesses casos é a utilização incorreta de acessórios nos berços. Nos Estados Unidos, a Comissão de Se­gurança de Produtos de Consumo (CPSC) e a Agência Americana de Controle de Ali­­mentos e Medicamentos (FDA) recomendaram a suspensão do uso de posicionadores para bebês após o registro de 12 mortes no país, nos últimos 13 anos. As vítimas foram crianças que dormiam com o equipamento.

Os especialistas orientam que apenas um cobertor deve estar no berço enquanto a criança dorme. Em hipótese alguma é indicada a utilização de bichos de pelúcia, posicionadores ou almofadas laterais. Nem mesmo o travesseiro é recomendado. "Qualquer objeto macio oferece risco de sufocação", alerta a coordenadora de mobilização da Criança Segura, Jaqueline Soares Ma­­galhães. Durante o sono, a criança – que deve dormir com a barriga para cima – pode se virar, fazendo com que os acessórios macios obstruam as vias aéreas e causem a consequente a sufocação. O risco é grave porque, com pouca idade, os bebês ainda não possuem mecanismos de defesa e não conseguem se desvirar ou retirar objetos do rosto.

Durante os primeiros meses de vida, a criança precisa dormir em colchões elevados, com inclinação de 35° ou 40°. Esse mecanismo evita a sufocação com o refluxo, uma vez que os bebês conseguem expelir o líquido, impedindo que a secreção chegue aos pulmões. A inclinação indicada evita que eles escorreguem para debaixo dos cobertores e sufoquem. À medida que as crianças amadurecem, os riscos diminuem e cabe aos pais observarem o desenvolvimento dos pequenos em relação aos cuidados que devem ser tomados.

O coordenador da Pastoral da Criança Internacional, Nelson Arns Neumann, ressalta que os cuidados durante o sono reduzem em 70% os riscos de morte súbita de crianças. Mesmo importantes, ele considera que o assunto ainda não é abordado com a devida urgência. "As organizações norte-americanas ficaram em alerta com 12 mortes nos últimos 13 anos enquanto no Brasil é muito diferente. Nem todos os pais utilizam a posição correta para os bebês dormirem. Qualquer risco deve ser alertado à comunidade", analisa.

Desde o nascimento de Julia, há oito meses, a publicitária Cláudia Maria Ticianeli Battis­tella, de 29 anos, segue rigorosamente os cuidados estabelecidos pela pediatra. Muitas precauções são facilitadas pela personalidade de sua filha que já demonstra algumas vontades. "Ela não gosta de cobrir os braços, sempre dorme com eles para fora", conta a mãe. Cláudia afirma que já percebe diversos sinais de maturidade em Julia e a estimula para se defender de situações de risco. Ela, que mantém o colchão inclinado e o berço livre de almofadas, considera a informação um elemento fundamental para evitar que problemas graves aconteçam. "É mais do que um dever, pois mãe não deve apenas dar amor, ela precisa ser 100% cuidadosa, não deixando seu filho em perigo", afirma.

Mobilização

Para alertar os pais sobre a necessidade dos cuidados com os pequenos, a ONG Criança Segura lançou uma campanha em que o foco é a sufocação e o engasgamento. No site da organização os pais encontram informações interativas sobre como deixar as casas preparadas e livres de perigos.

Mais informações:

www.crianca-segura.ning.com

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