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Condições de vida

Curitiba, a 3.ª metrópole em bem-estar

Região metropolitana desponta em índice que avalia mobilidade, infraestrutura, serviços coletivos e condições ambientais e habitacionais

Colada em Curitiba, Almirante Tamandaré puxa para baixo o índice da RMC por causa da deficiência na infraestrutura urbana | Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo
Colada em Curitiba, Almirante Tamandaré puxa para baixo o índice da RMC por causa da deficiência na infraestrutura urbana (Foto: Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo)

A Região Metropolitana de Curitiba (RMC) tem o terceiro melhor Índice de Bem-estar Urbano (Ibeu) entre as 15 re­­giões metropolitanas brasileiras estudadas pelo Observatório das Metrópoles. Na avaliação individual, Curitiba é a 19.ª no ranking geral dos quase 300 municípios analisados, mas entre as capitais aparece com o segundo melhor desempenho do país, atrás apenas de Goiânia.

INFOGRÁFICO: Confira o Índice de Bem-estar Urbano das metrópoles brasileiras

À frente da capital paranaense aparecem cidades menores de São Paulo e Rio Grande do Sul, mais bem colocadas em quesitos como mobilidade urbana e infraestrutura. Já dentro da RMC, Quatro Barras tem o melhor Ibeu depois de Curitiba, seguida por Lapa e Araucária. Na ponta de baixo estão Campo Magro, Rio Branco do Sul e Itaperuçu, a última com um índice 42% menor do que o da capital.

Calculado com base nos dados do Censo do IBGE, o índice pretende entender se a metrópole garante às pessoas as condições materiais necessárias para viver bem. Para isso, debruça-se sobre cinco dimensões da coletividade urbana: mobilidade, condições ambientais, condições habitacionais, atendimento de serviços coletivos e infraestrutura.

A coordenadora do Núcleo Curitiba do Observatório das Metrópoles, Olga Firkowski, professora do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), ressalta, no entanto, que o índice não é completo e deve ser olhado como um sinalizador, uma média. "A ideia é atualizá-lo sempre que possível, criando uma série histórica, para a formulação de políticas públicas."

O que está em jogo no Ibeu, segundo Olga, é a dimensão coletiva da vida urbana, que, muitas vezes, independe da renda dos indivíduos. "Posso ter carro, mas ser afetado por uma condição coletiva de vias entupidas." Apesar de não ser a mais crítica em nenhum dos quesitos, a RMC tem grandes desafios nas questões de mobilidade urbana, arborização e infraestrutura.

Sétima metrópole em mobilidade, Curitiba sofre com deslocamentos casa-trabalho, na média, maiores do que o ideal de uma hora. "Hoje estamos em uma posição de alerta, porque nossa estrutura não é mais adequada. Precisamos continuar discutindo a questão dos metrôs, do aumento da frota de táxi, dos ônibus e das vias. Estamos falando de ações do poder público."

Outro ponto a ser discutido é a arborização – item em que a RMC fica um ponto acima da média. Apesar de Curitiba ser arborizada e contar com parques e bosques, a realidade das demais cidades é bem diferente. Tunas do Paraná, por exemplo, tem apenas 1% de domicílios com árvores no entorno. "Uma situação muito positiva de Curitiba puxa o índice. E aí está o problema da falta de critérios para inserir municípios em regiões metropolitanas. Muitos estão longe, não têm acesso cotidiano", avalia Olga.

Sobre as condições habitacionais – que incluem densidade de pessoas por residência e por banheiro, além do material com que são feitas as casas – a RMC está acima da média. No atendimento de serviços coletivos urbanos (como rede de esgoto, fornecimento de água e luz e coleta de lixo) também há o que comemorar. "A posição, no geral, é confortável, mas é preciso abrir esse índice e olhar cada dimensão. Estamos falando de um conjunto de 29 municípios", lembra Olga Firkowski.

Disparidade dentro da RMC é grande

Uma melhor análise do bem-estar urbano da Região Metropolitana de Curitiba deve levar em conta a desigualdade entre a capital e a vizinha Itaperuçu. A primeira é a 19ª colocada entre 300 cidades e segunda melhor capital do ranking; a segunda está no 280º lugar no ranking geral e última colocada na região metropolitana a que pertence.

As diferenças são muitas. Doutor Ulysses (22ª colocada na RMC), por exemplo, tem o pior índice de infraestrutura de todos os municípios brasileiros estudados: 0,159 – contra os 0,777 de Curitiba. Esse critério é o mais deficiente da RMC e o único em que a metrópole não atingiu a média, sobretudo por causa das calçadas, pavimentação e acessibilidade.

Além de Doutor Ulysses, outras quatro cidades (Tunas do Paraná, Rio Branco do Sul, Quitandinha e Campo Tenente) não contam com rampas para cadeirantes. Rio Negro é a cidade com maior proporção de pessoas que moram em domicílios cujo entorno possui rampa (18,75). O índice 11,3 põe Curitiba em quarto lugar, atrás de Quatro Barras e Araucária.

Os problemas

Outra dimensão problemática na RMC é a mobilidade urbana, que atinge seu pior índice em Fazenda Rio Grande (0,225) e o melhor em Rio Negro (0,846). As condições ambientais urbanas também não são confortáveis na região, variando dos parcos 0,418 em Campina Grande do Sul aos bons 0,929 em Quatro Barras.

Entre as dimensões a se comemorar na RMC estão habitação e atendimento de serviços coletivos. Mesmo assim, as diferenças são grandes entre os 29 municípios. Enquanto a prestação de serviços como rede de esgoto, fornecimento de água e energia elétrica em Curitiba tem um dos melhores índices do país (0,951), a situação não é tão boa em Tunas do Paraná (0,566). Já em habitação, as disparidades intermunicipais são menores. O índice varia de 0,723 em Adrianópolis a 0,899 em Tijucas do Sul.

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