Curitiba recebe a partir de hoje o 3.º Fórum Mundial da Bicicleta. Até domingo, serão quase uma centena de atividades relacionadas a ciclismo, cicloativismo, saúde, bem-estar e urbanismo, além de shows de música e exibição de filmes que têm a bicicleta como ponto central.
É a primeira vez que o Fórum sai de Porto Alegre, onde foi criado e teve sua primeira edição, no dia 25 de fevereiro de 2012 a data marcava um ano do trágico atropelamento coletivo durante uma manifestação de ciclistas na capital gaúcha. De acordo com os organizadores, a ideia é fazer do evento um fórum itinerante. Curitiba foi a primeira cidade a se candidatar por sua cena cicloativista forte. "Estamos organizando o evento desde o ano passado, articulando com parceiros e buscando apoio", conta Luis Cláudio Brito Patrício, um dos organizadores.
O evento começa com mesas redondas ainda na parte da manhã, mas tem seu painel de abertura às 18h30, no Teatro da Reitoria. Na ocasião, falam o prefeito Gustavo Fruet, o reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Zaki Akel, e um dos fundadores da Cicloiguaçu, Goura Nataraj.
Os convidados, entre urbanistas, artistas plásticos e teóricos da mobilidade urbana, foram trazidos via crowdfunding e doações pelo site do evento. Destaques internacionais entre os palestrantes estão o encarregado dos assuntos cicloviários da cidade de Kiel, na Alemanha, Uwe Redecker, o urbanista dinamarquês Lars Gemzoe e a artista plástica suíça Mona Caron.
A entrada para as atividades do Fórum são gratuitas e não requer inscrição prévia. A organização disponibilizou, entretanto, um formulário para interessados em participar do fórum, em seu site oficial, com o intuito de conectar os ciclistas do país.
Alternativa
Bicicletas compartilhadas serão tema de debate hoje
Um debate pertinente que será travado hoje é o uso do sistema de bikesharing, ou de compartilhamento de bicicletas. A mesa "Planejamento de sistemas de bicicletas compartilhadas", que acontece na Reitoria da UFPR a partir das 15h30, traz, entre outros convidados, o empresário e sócio diretor da Bicicletaria.net Rafael Milani, responsável por implementar o sistema de bikesharing em Curitiba.
Milani, que também é doutorando em gestão urbana com ênfase em mobilidade urbana pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), diz que o sistema de compartilhamento é vital para benefícios sociais e até econômicos de uma cidade. Ele lembra que Curitiba têm menos investimentos na área do que outras cidades da América do Sul e da Europa. "Londres tem projetos bilionários de investimentos até 2020 porque tem provas científicas do retorno financeiro pelo uso da bicicleta".
Em Curitiba, onde o sistema está atualmente interrompido e aguardando pareceres da URBS sobre modificações que a empresa quer fazer para aumentar a escala de utilização, como a automação do processo que antes era manual e novas áreas, Milani diz que a estrutura cicloviária ainda não é a adequada, mas que isso não é uma exclusividade da capital paranaense.
"Ainda não existe uma cidade brasileira onde o potencial da bicicleta é completamente explorado. A bicicleta emerge como um símbolo de sustentabilidade, mas a gestão pública, de maneira geral, ainda não tem conhecimento dos requisitos técnicos que são prerrogativas para o uso da bicicleta nas cidades", afirma.
Durante o evento, as bicicletas do sistema implementado em Curitiba serão disponibilizadas aos palestrantes do Fórum Mundial da Bicicleta.



