
Descontentes com os cerca de 30 mil reais mensais repassados pelo Ministério da Saúde para que o Hospital Espírita de Psiquiatria Bom Retiro prestasse o atendimento aos pacientes do Centro de Atenção Psicossocial II (Caps) Bom Retiro, a Federação Espírita do Paraná, mantenedora do hospital, pediu o descredenciamento do serviço. "Em junho, o hospital informou que não tinha mais interesse em continuar a prestar os atendimentos e que o Caps fecharia em 30 dias. Pedimos uma ampliação de prazo de 180 dias para nos reorganizarmos, mas nos deram apenas 60", explica a diretora do Centro de Informação da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba, Raquel Cubas.
O advogado e presidente da Federação, Francisco Ferraz Batista, afirma que o prazo só poderia ser prolongado se a remuneração fornecida para cada atendimento fosse aumentada. Segundo ele, o Caps Bom Retiro tem cerca de 50 pacientes, mas mantém uma equipe com cerca de 25 profissionais, capaz de atender um público maior. "A capacidade [máxima] não está sendo utilizada e o município não quer nos reembolsar pelas vagas que ofertamos. Com ou sem pacientes eu preciso pagar a equipe e é aí que acontece o rombo. Toleramos este prejuízo por quase cinco anos", desabafa Batista.
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, o número de pacientes atendidos pelo centro é de 212. Segundo a pasta, alterar o valor repassado seria inviável, pois todo o pagamento é feito pelo Ministério da Saúde e não depende do município. Com as negociações esgotadas e a pouco mais de um mês do fechamento, a prefeitura busca formas de remanejar os pacientes do centro.
Os demais Caps II da cidade que prestam serviço de forma conveniada ao Ministério da Saúde Ômega, Bigorrilho, Portão e Afetiva continuarão a atender normalmente, mas, segundo a secretaria, eles não têm como receber novos pacientes, uma vez que já possuem uma demanda grande de usuários com uma rotina de atendimentos normalizada.
Os pacientes do Caps Bom Retiro continuam a receber tratamento ali apenas até o dia 20 de setembro. Eles devem ser, então, reavaliados pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS). "Temos 200 pessoas para reabsorver no nosso sistema e para isso cada caso terá sua gravidade avaliada. Pessoas com quadros mais graves terão prioridade no atendimento, pois alguns transtornos mentais não respondem ao tratamento ambulatorial", explica Raquel.



