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Meio ambiente

Curitiba pode exportar lixo para Ponta Grossa, diz IAP

Instituto Ambiental afirma que capital precisará de novo aterro ainda neste ano. Se não conseguir construir um, pode ter de levar detritos para outra cidade

Área em processo de licenciamento para se transformar em aterro, a 16 quilômetros do centro de Ponta Grossa: hoje, terreno tem plantações de soja | Henry Milleo/ Gazeta do Povo
Área em processo de licenciamento para se transformar em aterro, a 16 quilômetros do centro de Ponta Grossa: hoje, terreno tem plantações de soja (Foto: Henry Milleo/ Gazeta do Povo)
Aterro da Caximba: prefeitura garante que área pode continuar sendo usada até a construção de Central de Resíduos |

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Aterro da Caximba: prefeitura garante que área pode continuar sendo usada até a construção de Central de Resíduos

Confira a quantidade de resíduos produzida em Curitiba e RMC por dia |

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Confira a quantidade de resíduos produzida em Curitiba e RMC por dia

Curitiba e Ponta Grossa - Depois de assistir durante anos ao processo de esgotamento do aterro da Caximba sem conseguir escolher uma nova área para depositar seus dejetos, as prefeituras de Curitiba e dos municípios vizinhos podem estar à beira de exportar seu lixo para Ponta Grossa. Quem afirma é Vítor Hugo Burko, presidente do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), órgão do governo do estado que tem, entre as suas atribuições, a de licenciar terrenos para aterros sanitários.

A prefeitura de Curitiba ainda mostra otimismo: o secretário de Meio Ambiente, José Antônio Andreguetto, diz que o aterro da Caximba pode ser usado até janeiro de 2010 – tempo suficiente para finalmente selecionar a área que vai receber as 2,5 mil toneladas diárias de detritos produzidas pelo consórcio municipal da região metropolitana. Hoje o consórcio integra a capital e mais 13 municípios. Três áreas estão sendo estudadas. A primeira é um novo local no bairro da Caximba, em Curitiba. As outras duas ficam em municípios ao sul da capital: uma em Fazenda Rio Grande e a outra em Mandirituba.

O IAP, porém, já afirmou que não pretende dar autorização para que o atual aterro funcione até o fim deste ano. O prazo máximo seria a metade de 2009 – provavelmente julho ou agosto. "Não é uma conta precisa porque envolve uma série de variáveis. Se a prefeitura evitar de levar os resíduos dos grandes geradores à Caximba, o prazo pode se estender", explica Burko.

Como a construção da nova Central de Resíduos demora cerca de nove meses e o local ainda nem foi estipulado, Burko prefere contar com um plano B. É aí que entra a possibilidade de "exportação" do lixo. "Desconheço as questões logísticas e financeiras. Mas, se o consórcio ficar sem alternativas, pode ser uma forma de resolver por alguns meses – no máximo, um ano", diz.

Importadora

A área que "importaria" os dejetos é um aterro em Ponta Grossa que está em fase final de licenciamento pelo IAP. O terreno fica a quatro quilômetros do Aterro do Botuquara, que recebe 5,3 mil toneladas de lixo por mês de Ponta Grossa e Palmeira. A nova célula – tecnicamente chamada de Unidade de Reciclagem, Tratamento e Destinação Final – fica a 16 quilômetros do centro de Ponta Grossa, em uma região desabitada e sem a proximidade de rios.

Conforme o presidente da Ponta Grossa Ambiental (PGA), Marcus Borsato, a empresa tem interesse em receber os resíduos da capital. "O aterro tem capacidade para cerca de 11 milhões de metros cúbicos. Poderia receber a geração de Curitiba e região metropolitana, somente nesta primeira célula, por dez anos", afirma.

Borsato diz que não houve conversa formal entre a empresa e o Consórcio Intermunicipal e que, por essa razão, não há definição sobre o assunto. Até porque a prefeitura de Curitiba afirma que não haverá necessidade de usar a área e que uma das três possibilidades na região metropolitana será viabilizada antes do esgotamento total da Caximba. A PGA, porém, tem ideias para tirar o projeto do papel. "Existe viabilidade econômica. Os resíduos seriam recebidos em uma estação de transbordo a ser construída no Contorno Norte ou no Contorno Sul, em Curitiba", afirma. "A partir da estação, seriam transportados via rodovia até Ponta Grossa".

O que torna crível a necessidade de um "plano B" são dois fatores: a demora do consórcio em resolver o problema até o momento e o fato de que as três áreas apontadas atualmente têm limitações que podem impedir a instalação da central de resíduos. Em Fazenda Rio Grande há forte contestação pelos moradores e pelo Ministério Público. Em Mandirituba, há precedente jurídico contra a instalação de aterros. E, em Curitiba, trata-se de uma área com elevado índice habitacional.

Tecnologia

Para especialistas, a "exportação" do lixo é uma solução. Mas é necessário investir em tecnologia. "As soluções para a Caximba estão atrasadas em 20 anos", diz Laura Jesus de Moura e Costa, coordenadora-geral do Centro de Estudos de Defesa e Educação Ambiental (Cedea). "E, se não começar a pensar em algo eficiente, o problema vai se alongar por mais 20."

A engenheira florestal e presidente da ONG Ação Ambiental, Ionara Marcondes, afirma que, independentemente do município, os aterros são geradores de chorume e gás metano. "O chorume contamina a água. E o gás metano é tóxico", afirma. "Não se discute uma solução viável. O lixo vai continuar sendo enterrado, e a Caximba vai mudar de endereço. Quantas delas são necessárias?", questiona.

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