
Curitiba, capital ecológica. O slogan acompanhou a cidade por anos e até lhe trouxe fama internacional. Mas o tempo passou e as ações que fizeram do município um modelo de reconhecimento começaram a perder os holofotes. Hoje, o título já não é unanimidade. De acordo com especialistas, a cidade ainda é um dos melhores exemplos do país, mas a projeção mundo afora parece ter diminuído. Para manter o título, a prefeitura de Curitiba trabalha em ações que podem tornar a cidade mais sustentável quando a sociedade é capaz de ter suas necessidades atendidas e, ao mesmo tempo, preservar o meio ambiente.
De acordo com o secretário municipal de Meio Ambiente, José Antônio Andreguetto, Curitiba ainda não pode ser considerada uma cidade sustentável, mas está no caminho. Segundo ele, as áreas verdes (18% do município), o transporte coletivo, o tratamento dado ao lixo e o engajamento da população são pontos a favor. Por outro lado, o calcanhar de Aquiles é a falta de sustentabilidade em relação aos recursos hídricos. "Nosso plano é fazer uma reversão em relação a isso, com regularizações fundiárias, fiscalização do esgoto, entre outros", diz Andreguetto.
Hoje, aliás, formas de tornar Curitiba uma cidade mais sustentável serão discutidas no 1º Simpósio Internacional de Sustentabilidade em Arquitetura e Urbanismo. No evento, que ocorre até amanhã, no Cietep, ideias que deram certo em cidades americanas, europeias, asiáticas e do Oriente Médio serão apresentadas em Curitiba e podem inspirar profissionais daqui.
"O objetivo do evento é trazer vários profissionais de fora e que os conteúdos passados possam servir para os profissionais daqui", diz o arquiteto e presidente da Associação Brasileira dos Escritório de Arquitetura no Paraná (Asbea-PR), Gustavo Pinto. Edson Yabiku, gerente de projetos de Norman Foster & Partners (maior escritório de arquitetura do mundo); Edwin Rodríguez Ubiñas, da Universidad Politecnica de Madrid; Luca Bertacchi, gerente de projetos de Mario Cucinella Architects; e Sandro Tubertini, da BDSP Parnership estão entre os palestrantes.
Para o arquiteto e coordenador do evento, Dalton Vidotti, Curitiba tem pecado com a falta de inovação. "Curitiba foi inovadora de início, mas isso não tem mais acontecido. A percepção é que diminuiu a preocupação com questões ambientais. Educação ambiental tem de ser contínua. Não pode parar", opina. É esse ponto que o programa municipal Biocidades pretende atacar, segundo Andreguetto. "A intenção é inserir práticas para que as pessoas levem para as suas casas conceitos ambientais. A ideia não é uma cidade sustentável, mas uma sociedade sustentável", explica o secretário.
Para isso, talvez exista ainda um longo caminho pela frente, segundo especialistas. "Em relação ao resto do mundo, Curitiba tem muito o que evoluir", opina o coordenador do mestrado em Gestão Ambiental da Universidade Positivo, Maurício Dziedzic. "Curitiba está na frente em relação a outras cidades do Brasil, mas em comparação com o resto do mundo, não mais", diz Vidotti. A coleta de lixo seletiva e as áreas verdes da cidade são citadas por especialistas como ícones para Curitiba, mas questões como uso racional de água e energia elétrica deixam a desejar, segundo eles.
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Serviço
O 1º Simpósio Internacional de Sustentabilidade de Arquitetura e Urbanismo acontece hoje e amanhã, no Cietep (Avenida Comendador Franco, 1341). Mais informações no site www.simposiosustentabilidade.com.br.
Na sexta-feira, Dia Mundial do Meio Ambiente, leia o suplemento especial da Gazeta do Povo, que vai mostrar o que cidadão pode fazer para promover o desenvolvimento sustentável.



