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Uma travesti, ainda não identificada, foi encontrada morta com três tiros na cabeça na madrugada desta terça-feira (26), no bairro Mercês, em Curitiba. Com este caso, sobe para quatro o número de casos de travestis assassinadas na capital em um mês. Para a polícia, as ocorrências não têm ligação entre si, mas o centro de referência LGBT do Centro Paranaense de Cidadania (Cepac) vê nos números um reflexo da intolerância na cidade.

A última vítima foi encontrada por volta das 2 horas desta segunda no banco do carona de um Fiat Uno de cor branca que estava estacionado na Rua Mamoré, próximo ao número 340. Segundo relato de uma testemunha à Polícia Militar (PM), o automóvel foi deixado no local por um grupo formado por dois homens e uma mulher. O veículo, segundo constatou a PM, tinha alerta de furto, registrado na última sexta-feira (22).

Os outros três casos foram registrados nos dias 27 de abril, 4 e 6 de maio. O delegado Hamilton da Paz, titular da Delegacia de Homicídios, diz que nenhum dos casos está completamente esclarecido, mas não acredita que haja ligação entre os crimes. "O modo como as vítimas foram executadas é bastante diverso", afirma. "Além disso, as informações que temos dão conta de que as motivações não estão relacionadas à homofobia", explica.

"No caso de Douglas Martins, conhecido como Juliana, que foi encontrado morto no dia 27 de abril na BR-476, testemunhas relatam que ele praticava assaltos e agressões a clientes", conta. "A principal hipótese é de uma vingança por parte de um desses clientes". Já a travesti Jennifer, encontrada morta em frente a um hotel do Centro, tinha dívidas com traficantes de drogas, segundo Paz. Ele afirma que em alguns dos casos há suspeitos com prisão temporária decretada, mas que não pode dar mais detalhes sobre os inquéritos para não prejudicar as investigações.

Para o coordenador do centro de referência LGBT do Cepac, Márcio Marins, mesmo que os assassinatos não tenham relação, os casos poderiam ter um desfecho diferente caso as vítimas não fossem travestis. "Travestis são colocadas à margem da sociedade e, por isso, tenho certeza de que os autores desses crimes foram movidos pelo sentimento de que matando uma travesti continuariam impunes", diz.

Marins afirma que a Cepac vem recebendo um número crescente de denúncias de agressões contra homossexuais e atribui a violência a grupos neonazistas que atuariam em Curitiba. Por conta dos recentes casos de assassinatos de travestis, a Aliança Paranaense pela Cidadania LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) programou uma audiência para a quinta-feira (28), às 18 horas, na sede da organização, para discutir o tema da intolerância.

O titular da Delegacia de Homicídios, entretanto, diz não ter números que comprovem o crescimento no número de homicídios de travestis. "Para nós, o assassinato é investigado e fica registrado independentemente da classe social, da profissão ou da opção sexual da vítima", conta o delegado, que assumiu a delegacia há dois meses.

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