
Esconder os carros literalmente debaixo da terra é uma das apostas de Curitiba para desafogar o trânsito. O segundo estacionamento subterrâneo público da cidade começará a ser construído em janeiro do ano que vem sob a Avenida Affonso Camargo, entre a Rodoferroviária e o Mercado Municipal, no Centro. A ideia está sendo retomada 15 anos depois da inauguração da primeira garagem de subsolo, na Praça Rui Barbosa, em operação desde 1997, e segue uma tendência de outras capitais de grande fluxo de veículos.
Existem pelo menos outros três projetos em avaliação: um na Praça Nossa Senhora de Salette (Centro Cívico), outro na Praça Santos Andrade (em frente do Teatro Guaíra) e o terceiro sob o cruzamento das Avenidas Marechal Floriano Peixoto e Marechal Deodoro, no Centro. A licitação para construção e concessão da garagem no Centro Cívico deve sair até o fim do ano.
Metrô
A implantação do metrô curitibano também trará pelos menos outras seis opções desse tipo de estacionamento: das 13 estações de embarque, metade deve ter vagas para carros no subsolo. A ideia é que o usuário deixe o veículo ali para pegar o metrô em direção à região central. "Hoje a rua é um espaço nobre demais para os carros ficarem parados. Então, que a vaga seja no subterrâneo para não interferir no fluxo da via e não limitar o uso das faixas", explica o superintendente de concessões, Wilson Justus, da Secretaria Municipal de Administração.
No lugar das vagas de superfície localizadas perto dos lugares que terão garagens no subsolo, a prefeitura promete criar vias para outros tipos de modal, como ciclofaixas.
O modelo de gestão dos estacionamentos subterrâneos adotado pela prefeitura é o de concessão. Três empresas (Tucumann Engenharia, J. Malucelli e Estarpar) venceram a licitação para construir o estacionamento da Affonso Camargo e explorar o negócio por 20 anos. Elas também ficarão responsáveis, no mesmo prazo, pelos estacionamentos da Rodoferroviária, na superfície, e o da Praça Rui Barbosa.
Segundo a prefeitura, a tarifa cobrada para estacionar nesses locais deve seguir a lei do mercado privado. "Esse sistema de concessão é justo porque a prefeitura não investe dinheiro público nisso e quem paga é o usuário. Mas o importante é não incentivar o uso do carro, pelo contrário, a prefeitura deve investir no uso do transporte público. Por isso, é interessante aplicar a mesma tarifa do particular. Assim, quanto mais caro, menos as pessoas usam o veículo dentro da cidade", afirma o engenheiro civil João Alberto Albano, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Só na região central, Curitiba tem 6,4 mil vagas públicas de estacionamento que costumam ser disputadíssimas, independentemente do horário. Com a criação de garagens no subsolo, a quantidade de vagas tende a aumentar e a melhorar o fluxo, pois os veículos não atrapalharão o trânsito com manobras: só na região da Rodoferroviária serão 450 novas vagas.
Além de Curitiba, outras capitais já começam a adotar esse sistema: em São Paulo, o Mercado Municipal e duas praças próximas à Rua 25 de março ganharão vagas públicas no subsolo. Belo Horizonte prevê a construção de oito estacionamentos subterrâneos e, em Brasília, a discussão é a criação de uma grande garagem no subsolo da Esplanada dos Ministérios.
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