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Luzes da cidade

Curitiba terá plano diretor de iluminação

Regulamentação busca mais economia de energia e novas maneiras de valorizar atrações turísticas

Calçadão da Rua Quinze: muitas lâmpadas e desperdício de luz | Antonio Costa/Gazeta do Povo
Calçadão da Rua Quinze: muitas lâmpadas e desperdício de luz (Foto: Antonio Costa/Gazeta do Povo)
Largo da Ordem: lâmpadas especiais para as horas de lazer |

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Largo da Ordem: lâmpadas especiais para as horas de lazer

A partir do ano que vem, a prefeitura de Curitiba fará licitação para contratar uma empresa que coloque em prática o plano diretor de iluminação para a cidade. Assim como existem regras para as construções, o objetivo é organizar a maneira de iluminar os espaços públicos e privados da capital paranaense. Não há um estudo de quantas cidades brasileiras têm plano para o uso da iluminação, mas especialistas afirmam que são raros os exemplos a serem seguidos. Entre os municípios do Brasil que já conseguiram usar a luz a seu favor estão São Luís (MA), Fortaleza (CE) e Olinda (PE). O plano diretor de Curitiba está em estudo e ainda não foi finalizado.

Desde a Constituição de 1988, a responsabilidade pela iluminação pública de cada município deixou de ser das concessionárias ou permissionárias e passou a ser das prefeituras. A Companhia Paranaense de Energia (Copel), por exemplo, deve executar o que as prefeituras pedem e nada mais. O problema é que, apenas em novembro de 2000, a Resolução n.º 456 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) passou a regulamentar o assunto. E até hoje ainda existem muitas prefeituras do país que não conseguiram se adequar às novas regras, como Curitiba.

A Aneel estabeleceu ainda que os usuários devem pagar taxa pela iluminação pública. Por isso, se há recurso público para ser usado, nada mais lógico que existam regras para gerir este dinheiro. Eis a importância do plano diretor de iluminação. A implantação dele significa economia de energia, mais segurança para quem anda pela rua à noite e um fator ainda pouco pensado: tornar as ruas mais atrativas para os turistas. "No passado se falava da iluminação no espaço público, nas vias onde passam os carros. Hoje se pensa em iluminação no conjunto urbano", explica o diretor do departamento de iluminação da Secretaria de Obras de Curitiba, Ivan Luiz Alves Martins. Algumas ruas da cidade, reformadas recentemente, já atendem às novas exigências do futuro plano diretor. A Avenida Sete de Setembro, por exemplo, recebeu um novo conjunto de luminárias e lâmpadas em junho deste ano: o resultado foi uma economia no consumo de energia elétrica de R$ 12 mil em um mês. "Substituímos as lâmpadas de 400 watts por 200 watts, diminuindo o consumo e aumentando o fluxo luminoso. E como fizemos isso? Em função do tipo de luminária usada, que ao invés de dispersar luz para todos os lados, ilumina apenas para baixo, focando no objetivo que é iluminar a via", afirma Martins. Antes a luminária direcionava apenas 33% da luz para baixo, agora foca 77%. O ponto de luz também foi trocado. Em vez de ficar na calçada, os postes foram para as canaletas.

Pontos turísticos dão mau exemplo

O doutor em engenharia Aloísio Schmid, que é especialista em ambientes confortáveis e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), aponta diversas falhas no sistema de iluminação de Curitiba que poderiam ser melhoradas para atrair, inclusive, mais turistas. "O Palácio Iguaçu, a Catedral, na Tiradentes e a Avenida Manoel Ribas, em Santa Felicidade, são pontos de turismo que estão totalmente inadequados para receber pessoas, porque não há nenhuma iluminação especial. O que existe é uma idéia simplória", diz. A arquiteta e urbanista Helena Conelian Gentili lembra que o plano diretor serve exatamente para agregar valores aos espaços públicos. "A cidade precisa ter uma identidade noturna. Além disso, uma rua bem iluminada traz mais segurança", comenta.

O calçadão da Rua Quinze de Novembro, que recebeu nova iluminação em maio deste ano, é outro erro de projeto apontado por Schmid. "A quantidade de lâmpadas é um exagero, há desperdício de energia naquele lugar", afirma. Para ele, se houvesse um estudo e planejamento para o local, seria possível determinar o que as lâmpadas iluminariam, economizando luz. O diretor de iluminação de Curitiba concorda com o arquiteto e diz que, com o novo plano, novos estudos serão feitos para o calçadão. Ivan lembra que hoje Curitiba tem um exemplo de iluminação urbana que deve ser seguido. "O Largo da Ordem recebeu um novo projeto de iluminação. Ficou mais aconchegante para receber o turista", diz. A luz amarela foi usada para criar um clima de lazer e descanso – apesar das luminárias antigas, a quantidade de luz não ofusca a visão.

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