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Palestra

Dalai Lama prega secularismo moral para milhares de pessoas em SP

Líder budista diz que corrupção é um "câncer moral" que se espalhou pela sociedade e defende que valores devem ser passados pela educação, independentemente da religião

O Dalai Lama durante palestra em São Paulo: líder budista perguntou se há muita corrupção no Brasil | Reuters/Nacho Doce
O Dalai Lama durante palestra em São Paulo: líder budista perguntou se há muita corrupção no Brasil (Foto: Reuters/Nacho Doce)

Em palestra pública para milhares de pessoas na manhã deste sábado (17), o Dalai Lama, líder tibetano do budismo, afirmou que, aos 67 anos, já está próximo de dar seu adeus, e insistiu no legado da moralidade secular como forma de promover o entendimento e a paz no mundo nas próximas gerações.

Segundo ele, a religiosidade é uma questão de foro íntimo e cada um deve escolher a crença que melhor lhe couber, inclusive nenhuma. Mas os indivíduos e o sistema educacional devem cultivar valores maiores, em vez de buscar apenas o conhecimento e o avanço material.

À tarde, o último compromisso do líder religioso no Brasil será uma palestra no Sheraton WTC sobre o cultivo das emoções positivas, na qual estãos confirmadas as presenças do ex-jogador de futebol Ronaldo e sua mulher, Bia. Na quinta-feira (15) ele havia se reunido com empresários e, na sexta-feira (16), participou de um simpósio científico.

Tenzin Gyatsu, o 14º Dalai Lama, foi recebido com aplausos neste sábado no pavilhão de convenções do Anhembi, em São Paulo. A recepção ao prefeito Gilberto Kassab foi menos calorosa: muitos vaiaram o político, que foi receber o katag (lenço branco oferecido em saudações budistas).

No meio de seu discurso, o próprio Dalai Lama perguntou ao público se havia muita corrupção no Brasil e em São Paulo, ao que boa parte reagiu com braços abertos e gritos de "muita" e "very much"!

"A corrupção é como um novo câncer da humanidade. Ela se alastrou pelo ocidente e oriente. A corrupção foi crescendo ao lado do avanço material. Como é a situação no Brasil e em São Paulo? Ela existe?", perguntou o Dalai Lama, que também quis saber da platéia sobre a distribuição de renda no país.

Porém, a mensagem que o líder budista quis imprimir foi a de um legado de secularismo, ao qual fez uma única ressalva, o "secularismo enviesado do comunismo", em alusão à China, que ocupa sua terra natal, o Tibete. "Há muitos aqui que têm entre 20 e 30 anos. Minha geração está pronta para dizer tchau e ir embora. Mas vocês que são a geração deste século e precisam assumir a responsabilidade e encontrar uma forma para criar um mundo pacífico e compassivo", disse.

O líder budista disse que a maior parte da população mundial hoje não está ativamente engajada em práticas religiosas. Portanto, para cultivar bons valores morais, o secularismo seria o mais adequado, apesar de ele defender o espírito de "renúncia" das religiões teístas e os princípios de promoção dos bons atos das tradições não-teístas, como o budismo.

"Grande parcela da humanidade não tem interesse por uma fé religiosa. Essa é a realidade. Se uma pessoa tem uma crença, isso é questão de foro intimo. Mas não podemos negar que os não-crentes também fazem parte da humanidade. Para eles, a paz interior, a felicidade e a alegria também são valores importantes. O cultivo de valores internos formam a base da vida feliz. Isso deve ser feito através da educação, não pela pregação [religiosa]. É importante que esses conceitos tenham abrangência universal", disse o Dalai Lama. "Precisamos ensinar, do jardim de infância até a faculdade, que a moralidade é o caminho da felicidade. O sistema educacional moderno presta somente atenção no desenvolvimento do cérebro e não o desenvolvimento moral".

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