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Nada a temer

De frente para o perigo

Wellyngton Djiorgen Martins, 39 anos, sabe bem o significado da expressão tragédia urbana. Há exatos 12 anos, ele estava entre os bombeiros que atuaram no salvamento das vítimas do edifício que desabou em Guaratuba, no litoral, matando 29 pessoas. Lembra de tudo, com detalhes. "Entrei em pânico. Era minha primeira tragédia", conta o hoje motorista e socorrista do Siate, um sujeito que avisa desconhecer o que seja um dia de trabalho tranqüilo.

São cerca de 15 atendimentos por dia – muitos por causa de agressão –, o que leva Wellyngton a dizer que a Curitiba que vê não é nada pacífica. Recentemente, ao salvar um homem baleado, chegou a levar joelhadas nas costas, dadas por um bandido. Para compensar, volta e meia é chamado de "anjo de azul" enquanto escuta, pacientemente, gente ferida falando do pavor de viver em cidade grande.

Ouvir também é regra para o agente da Diretran Sérgio de Souza, 40 anos. "Meu nome é Sérgio. Estou aqui para ajudar", diz, em seu ritual de socorro às vítimas de acidentes, ofício abraçado há seis anos. O medo faz parte da rotina e teve de aprender a vencê-lo. "O segredo é deixar desabafar. A cidade deixa as pessoas nervosas. A resposta é oferecer hospitalidade", ensina

O líder da torcida organizada Império Alviverde, Luiz Fernando Correa, 38 anos, o Papagaio, assina embaixo. Ele tem sob sua batuta até 10 mil torcedores do Coritiba e sabe que é preciso nervos de aço para evitar atritos com torcidas adversárias. "Em dia de clássico a orientação é chegar ao estádio duas horas antes. Tomamos cuidado até com o horário que nossos ônibus passam nos bairros, para não gerar confusão. Mas o momento crítico é sempre a saída", descreve o líder, para quem o medo é um péssimo conselheiro. "Os estádios estão mais seguros. Nada de fugir. Afinal, ninguém se arrepende de comparecer a um bom jogo de futebol." (JCF)

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