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O julgamento do ex-seminarista Gil Rugai, acusado de matar o pai e a madrasta há nove anos, em São Paulo, entrou no segundo dia nesta terça-feira (19). Houve bate-boca entre defesa e acusação em plenário em várias oportunidades.

Os advogados de Gil tentaram desqualificar os depoimentos do instrutor de voo Alberto Bazaia Neto e do delegado Rodolfo Chiareli, que presidiu o inquérito policial na ocasião. Ambos são testemunhas arroladas pela acusação e foram ouvidas nesta terça. A defesa tentou, inclusive, relacionar a morte de Luis Carlos Rugai a um suposto esquema de tráfico de drogas cuja base seria o aeroporto do município paulista de Itu, onde Bazaia Neto dava aulas de voo para o pai de Gil.

O advogado Thiago Anastácio disse que Luis Carlos tinha o costume de filmar as aulas e teria feito imagens que incriminariam frequentadores do aeroporto. Em um determinado momento, a defesa chegou a apresentar um vídeo para os jurados - cinco homens e duas mulheres. Os advogados, que contrataram o perito Ricardo Molina para analisar os laudos, também questionaram as provas apresentadas pela polícia contra o réu.

No plenário, os trabalhos nesta terça-feira foram iniciados pela manhã, por volta das 10h20m, com o depoimento do instrutor de voo. Segundo o G1, Alberto Bazaia Neto disse que Luiz Carlos Rugai lhe falou dias antes de ser morto que o filho o havia "roubado" e era "perigoso". Um mês antes, a vítima disse ter descoberto que o filho desviou R$ 25 mil de sua produtora. Ao instrutor, Luis Carlso chegou a falar que pediu ao filho para apresentar um plano de como esse dinheiro seria devolvido. Caso contrário, iria à polícia. Bazaia Neto também afirmou que Gil Rugai não "se dava" com a madrasta, Alessandra de Fátima Troitino.

No testemunho do delegado Chiareli, a defesa disse que todas as provas apresentadas pela polícia na ocasião do crime eram falsas e a investigação, falha. O delegado, no entanto, disse não ter dúvidas da culpa de Gil Rugai. "Não tenho nenhuma dúvida (de que Gil Rugai matou o casal). Eu acredito que Gil rugai seja culpado, disse.

Ao chegar no plenário do Fórum Criminal da Barra Funda, na Zona Oeste da capital paulista, por volta de 9h45m desta terça-feira, o réu voltou a negar o crime. "Eu não matei. Sou inocente", disse ele.

Após as testmunhas de acusação, estão previstos os depoimentos de ao menos nove testemunhas da defesa e, por último, mais uma do juízo.

Primeiro dia

Nesta segunda-feira, o vigia Domingos Ramos, primeira testemunha a ser ouvida, reafirmou ter visto o acusado e mais uma pessoa deixando o local do crime após disparos feitos na residência do casal Luiz Carlos Rugai e Alessandra de Fátima Troitino, em Perdizes, na Zona Oeste. O crime aconteceu em 28 de março de 2004. A segunda pessoa ainda não foi identificada. Domingos não havia dado a mesma informação à polícia depois do crime. Resolveu fazê-lo, somente, após entrar em um programa de proteção a testemunhas, durante a frase processual - ele e a mulher disseram ter sofrido ameaças. No júri, Domingos, após questionado pelo promotor Rogério Leão Zagallo, disse ter se arrependido de dizer à polícia o que viu naquele dia.

Durante as quase três horas em que foi interrogado pela acusação e defesa, o advogado Thiago Anastácio tentou desqualificar o depoimento do vigia no processo, apontando contradições em relação à suposta roupa que Domingos disse que Rugai usara no dia do crime e também à posição do vigilante, se dentro ou fora de uma cabine na Rua Atibaia.

Na sequência, outras duas testemunhas de acusação, os peritos Daniel Romero Munhoz e Adriano Yassamu Yonanime, também foram ouvidos. O primeiro, médico legista, examinou o pé de Gil Rugai um mês após o crime, dizendo que o rapaz tinha uma lesão compatível a de um impacto. Já o segundo disse que o sapato que o rapaz usava no mesmo dia eram do mesmo tamanho do da marca de sola na porta de um dos cômodos da casa das vítimas, arrombada pelo autor dos disparos. O primeiro dia de julgamento foi encerrado por volta das 21h.

O júri de Gil Rugai, presidido pelo juiz Adilson Paukoski Simoni, começou por volta das 13h15m desta segunda-feira, com três horas de atraso. Um problema na instalação de um dos computadores atrasou o início do júri. O julgamento havia sido adiado em duas oportunidades, em 2011 e 2012, a pedido da defesa. A previsão inicial do TJ-SP é de que os trabalhos durem de três a cinco dias.

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