
O acidente que vitimou o menino Daniel, 6 anos, no sábado passado, dificilmente seria previsto em vistorias corriqueiras feitas em estabelecimentos comerciais. Jardins e elementos exteriores não chegam a ser averiguados sem que haja algum pedido ou denúncia prévia. O garoto morreu depois que uma roda dágua escorada em um canteiro de plantas tombou sobre ele durante um casamento no Restaurante Veneza, em Santa Felicidade.
Para receber alvará, anualmente restaurantes e lojas são submetidos a uma avaliação do Corpo de Bombeiros. Contudo, o que costuma ser checado são centrais de gás, cozinha, saídas de emergência e extintores. "Checar jardins não está no nosso rol. Não se trata de uma competência nossa", afirma o tenente Leonardo Mendes dos Santos. De acordo com a Comissão de Segurança de Edificações e Imóveis (Cosedi), da prefeitura de Curitiba, inspeções só são feitas pelo órgão a partir de denúncias. Nunca houve reclamações ou foram apurados problemas relacionados ao Veneza. Caso alguma denúncia seja registrada no Cosedi, uma inspetoria será instaurada para averiguar se há riscos no estabelecimento.
Para o engenheiro civil Luís Cláudio Mehl, ex-presidente do Instituto de Engenharia do Paraná (IEP), o caso serve como alerta para empresários e familiares. "Neste caso foi um risco que foi assumido. Não poderiam ter deixado as crianças se aproximarem", comenta. Ele defende que o local em que estava a roda dágua deveria estar isolado e monitorado para que ninguém tivesse acesso. "Não se trata de um problema de engenharia formal. Trata-se da engenharia da vida, da natureza", lamenta Mehl.
Inquérito
A investigação policial não teve avanços desde o dia do acidente. Um boletim de ocorrência havia sido feito na Delegacia de Homicídios, mas a investigação deverá ser conduzida pelo 12.º Distrito Policial, de Santa Felicidade, já que não se trata de um homicídio. Até o fim da tarde de ontem, o inquérito não havia chegado à delegacia local e as investigações não tinham começado. "Até agora não chegou nada. Estamos aguardando", afirmou o delegado Rogério de Castro, responsável pelo 12.º DP.
Serviço:
Denúncias de construções que ofereçam risco e possam causar algum acidente devem ser feitas à Cosedi: (41) 3350-8871.




