Curitiba A entrada do deputado federal Gustavo Fruet (PSDB-PR) na disputa pela presidência da Câmara embaralhou os apoios costurados por Arlindo Chinaglia (PT-SP) e Aldo Rebelo (PC do B-SP) e deve levar a eleição para o segundo turno. Fruet, o candidato da terceira via, conseguiu unificar os tucanos e retirar o apoio do partido a Chinaglia. Na semana passada, ganhou também a adesão do PPS. Até o PFL, que está alinhado com Rebelo, liberou a bancada paranaense para votar em Gustavo Fruet.
A poucos dias da eleição, que será em 1.º de fevereiro, o jogo parece ainda aberto, com posições que podem ser revistas e votos de indecisos que devem ser decisivos.
Fruet tenta fazer a lição de casa e conquistar os votos dos paranaenses. Dos 30 deputados federais do estado, 9 disseram que votarão no tucano. Quatorze manifestaram a intenção de apoiar Chinaglia e 2 votariam em Rebelo.
O PDT, o último dos grandes e médios partidos que ainda não se posicionou oficialmente sobre quem vai apoiar, irá se reunir na terça-feira, em Brasília. O PL que anunciou a adesão à candidatura de Chinaglia convocou seus deputados para o mesmo dia. O PMDB também se reunirá em Brasília terça ou quarta. O resultado desses encontros pode fazer com que os quatro deputados que estão indecisos, aguardando um posicionamento de seus partidos, assumam em quem vão votar. As reuniões podem até reverter intenções de votos. Moacir Micheletto e Hidekazu Takayama, ambos do PMDB, aguardam o encontro do partido para saber se vão ser liberados para votar em Fruet. O PMDB está apoiando Arlindo Chinaglia.
"Vou votar no candidato apontado pelo partido, mas posso mudar meu voto no dia. Temos uma reunião do PMDB na terça para analisar a conjuntura da eleição na Câmara. Se o partido liberar, posso mudar meu voto para o meu amigo, irmão Gustavo Fruet", diz Micheletto.
"Estou bem balançado. Por fidelidade ao meu partido, hoje eu voto no Arlindo. Mas se o PMDB liberar, mudo meu voto para o Gustavo por uma questão de amizade e por achar que a Câmara teria uma independência maior em relação ao governo com o Gustavo", afirma Hidekazu Takayama.
Na quarta-feira passada, o presidente nacional do PFL, Jorge Bornhausen, esteve no Paraná e se reuniu com deputados paranaenses do partido. A bancada foi liberada para votar em Fruet, apesar do partido ter decidido apoiar Aldo Rebelo à reeleição. Dos cinco parlamentares do PFL do Paraná, apenas Cássio Taniguchi deve votar em Rebelo. Segundo sua assessoria, o deputado que assumiu uma secretaria do governo do Distrito Federal e irá se licenciar do cargo para assumir a vaga na Câmara não foi informado da decisão da bancada do PFL do Paraná e, por isso, vai seguir a decisão do PFL nacional e votar em Aldo Rebelo.
Luiz Carlos Setim, que participou da reunião com Bornhausen, foi procurado pela reportagem, mas até o fechamento desta edição não respondeu ao pedido de entrevista.
Em seu discurso de candidato à presidência da Câmara, Gustavo Fruet vem pregando a independência do Legislativo. O tucano critica seus adversários, afirmando que eles fazem o jogo do governo.
A posição do deputado vem ganhando elogios de seus colegas paranaenses, mas nem todos parecem gostar da fama repentina do tucano. "Fruet é homem do Fernando Henrique Cardoso. Quem quiser atrapalhar o governo, vota no Fruet. Não é uma questão de paranismo. É pelo Brasil. O Fruet está se exibindo. Dizendo o que o povo quer ouvir. Prometendo abaixar o salários, fazer os deputados irem a pé para Brasília", disse Max Rosenmann (PMDB).
Fruet espera alcançar pelo menos 120 votos para garantir sua ida para o segundo turno e disputar, possivelmente, com Arlindo Chinaglia o posto e o apoio dos deputados que votaram em Rebelo. O segundo turno deve ser realizado poucas horas depois do anúncio do resultado da eleição do primeiro turno.
Se ganhar, Fruet será o primeiro paranaense a ocupar o cargo. A vitória ajudará no velho sonho de ser prefeito de Curitiba, como o pai dele Maurício Fruet.



