
O orçamento do governo federal para a nova campanha nacional de desarmamento, lançada ontem, é tímida se comparada às outras duas edições anteriores. De acordo com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, a previsão da pasta para pagamento de indenizações a pessoas que entregarem suas armas é de R$ 10 milhões. Como o valor mínimo por compensação é de R$ 100 para armas de baixo calibre, o ministério dispõe de recursos para bancar no máximo 100 mil pagamentos. Nas campanhas anteriores, 2004/2005 e 2008/2009, foram recolhidas 550 mil armas, mas não foi informado o valor total pago em indenizaçõesCardozo disse que está torcendo para que tenha de cortar recursos em outras iniciativas do ministério para poder ampliar a dotação para pagamentos de indenizações. O ministro ainda afirmou que os cortes orçamentários de R$ 50,1 bilhões promovidos pelo governo federal em fevereiro não vão afetar a campanha ou qualquer outra iniciativa da pasta. No caso do Ministério da Justiça, o contingenciamento soma R$ 1,52 bilhão.
"Que Deus me ajude a ter que cortar outras ações do ministério para colocar mais de R$ 10 milhões [para pagar indenizações]. Nunca vi nenhum ministro gostar quando acaba um recurso. Eu vou gostar se isso acontecer e vou encontrar mais recursos dentro do ministério para comprar mais armas", disse Cardozo, após a solenidade de lançamento da campanha no Palácio da Cidade, sede social da Prefeitura do Rio.
A campanha deste ano tem inovações para tentar facilitar a entrega das armas. Será garantido o anonimato das pessoas que doarem seu armamento. As peças recolhidas serão inutilizadas de imediato, as indenizações poderão ser sacadas no dia seguinte à doação e o número de postos de entrega será ampliado, com o credenciamento de instituições e entidades da sociedade civil. A campanha vai até o dia 31 de dezembro.
Em discurso, Cardozo reclamou das críticas de que a antecipação do início da campanha era oportunista e demagógica. "Há quem diga que essa campanha é feita por oportunismo e me atribuem uma conduta demagógica. Quero dizer que se eu tivesse o poder de fazer uma campanha dessa sozinho, eu faria. Mas não é o caso. A campanha foi feita com parceiros", argumentou o ministro, que, à tarde, seguiu para Volta Redonda, no interior do Rio, para acompanhar a destruição de mais de mil armas nos fornos da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN).
Coleta
Mais de cem armas de fogo foram entregues até o início da tarde de ontem no posto de coleta da ONG Viva Rio, o primeiro a funcionar na cidade do Rio dentro da campanha nacional de desarmamento 2011. A Central de Abastecimento do Estado (Ceasa) foi responsável pela entrega de 76 armas que eram usadas por sua segurança, hoje feita com armas apenas por uma empresa terceirizada.



