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Transporte público

Descer fora do ponto é questão de segurança

Apesar de cada vez mais cidades do Paraná estarem adotando a medida, ela ainda é desconhecida de boa parte dos cidadãos paranaenses

A Câmara de Maringá, no Noroeste, aprovou lei que permite o desembarque de mulheres fora dos pontos de ônibus a partir das 22 horas , mas a lei ainda não foi sancionada pela prefeitura | Walter Fernandes/Gazeta do Povo
A Câmara de Maringá, no Noroeste, aprovou lei que permite o desembarque de mulheres fora dos pontos de ônibus a partir das 22 horas , mas a lei ainda não foi sancionada pela prefeitura (Foto: Walter Fernandes/Gazeta do Povo)

Para tentar garantir a segurança dos passageiros que utilizam o transporte público à noite no perímetro urbano, sobretudo as mulheres, alguns municípios do Paraná têm se valido de uma medida que permite o desembarque fora dos pontos de ônibus após as 22 horas. Em forma de lei ou apenas como orientação aos motoristas, a ideia é que a parada seja feita em locais solicitados pelos usuários, mesmo que não haja parada regulamentada, mas que também não saia do itinerário da linha.

Apesar de muitas cidades já adotarem a medida, ela ainda é desconhecida de boa parte dos cidadãos. É o caso de Maristela Fernandes, 48 anos, que é cuidadora de idosos e sai do trabalho depois das 23 horas. Ela mora em Umuarama, no Noroeste, onde a novidade, que virou lei há dois meses, ainda não chegou a toda população. Maristela ainda caminha seis quadras para chegar em casa. Há um ano foi assaltada logo que desceu do veículo. "O local tem pouca iluminação. O rapaz já estava à espera de alguém para poder roubar. Levou o celular, a carteira. Ficou apenas o medo", descreve.

Maristela mantém a rotina de descer longe de casa por desconhecer a nova medida implantada no município. Segundo ela, o marido a deixa no trabalho e na hora de voltar, como está cansada, não dá atenção aos panfletos afixados no interior do ônibus e no terminal rodoviário, onde segundo a prefeitura, estão os avisos de permissão de desembarque. Porém, como levantado pela reportagem, no terminal não há nenhum cartaz indicando sobre a lei. Os motoristas de ônibus também afirmam que até o momento não receberam nenhuma orientação da empresa e o que tem prevalecido é o bom senso.

Segundo a assessoria do município, como após as 22 horas o trânsito da cidade está mais tranquilo, nenhuma reclamação foi gerada até agora, tampouco outro tipo de problema com os passageiros foi registrado no período. Ainda segundo a prefeitura, os motoristas têm levado ao Executivo municipal os comentários das usuárias, que se resumem em "alívio".

Cascavel

Em Cascavel, no Oeste do estado, a lei existe desde 2012, por iniciativa do Legislativo. À época, a pouca iluminação nos bairros e os muitos pontos de parada em frente a terrenos baldios justificou a implantação do sistema. Com isso, as mulheres poderiam descer mais perto de suas casas.

"Não tivemos reclamações nem dos motoristas nem dos usuários quanto a atrasos, ao contrário. A medida tem funcionado e o feedback continua sendo positivo. À época, a divulgação nos meios de comunicação foi fundamental para a informação chegar a todas as passageiras", ressalta a presidente da Companhia de Engenharia de Transporte e Trânsito de Cascavel (Cettans), Jocemara Lopes Amarante.

Prefeitura de Maringá acredita que proposta é inviável

Vereadores de Maringá, no Noroeste do Paraná, aprovaram por unanimidade na semana passada o projeto que permite que mulheres desembarquem fora dos pontos de ônibus a partir das 22 horas. A proposta aguarda sanção do prefeito Carlos Roberto Pupin (PP). No entanto, a prefeitura e a empresa responsável pelo transporte público da cidade, a Transporte Coletivo Cidade Canção (TCCC), já sinalizaram serem contrárias à regra.

Para o secretário de Trânsito e Segurança (Se­trans) de Maringá, Ideval de Oliveira, a medida apesar de "simpática", é inviável, pois traria outros problemas. "Não se pode parar em fila dupla e nossas ruas são cheias de árvores, o que impossibilita a parada em qualquer calçada. Não será todo passageiro que entenderá isso. O motorista terá um trabalho e tanto para explicar e, caso ele não pare no local desejado pelo cliente por causa desses problemas citados, vai haver reclamações", justifica.

Contrária

Em nota, a TCCC também se mostra contrária a lei e diz que todos os pontos de ônibus da cidade estão a uma distância de até 400 metros um do outro - solicitação fixada no contrato de concessão e atendida pelo executivo municipal-, portanto, a parada em outros locais poderia aumentar o tempo da viagem e causar reclamações dos usuários.

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