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Jogos ilegais eram realizados em hotel no Centro de Curitiba | Osvaldo Ribeiro/SECS
Jogos ilegais eram realizados em hotel no Centro de Curitiba| Foto: Osvaldo Ribeiro/SECS

Vinte e cinco pessoas foram levadas para a delegacia na noite de sábado (17) depois de serem flagradas enquanto participavam de jogos de pôquer no hotel Four Points by Sheraton, localizado no bairro Água Verde, em Curitiba. Cerca de 60 pessoas estavam no estabelecimento. Foram conduzidas à unidade da polícia membros da organização do evento, além de 20 pessoas que jogavam no momento em que os policiais surpreenderam o grupo.

No hotel foram apreendidos R$ 8 mil em dinheiro, fichários, máquina de contar dinheiro, computador, anotações, cartas e vales do jogo. De acordo com informações da Agência Estadual de Notícias (AEN), policiais do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) chegaram ao local por volta das 23 horas, após investigações que partiram de uma denúncia anônima.

"Recebemos a informação que existiriam entidades que organizariam jogatinas de pôquer constantemente e em locais públicos. Entendemos que pôquer não é apenas um jogo de destreza, mas também de azar, o que o torna ilegal", explicou o delegado do Cope Miguel Stadler à AEN. Todas as pessoas conduzidas à delegacia assinaram termo circunstanciado de infração penal por exploração de jogo de azar e foram liberados em seguida. De acordo com a polícia, as investigações do caso continuam e as outras pessoas que estavam no local serão ouvidas nos próximos dias.

Jogo ilegal

No hotel onde os policiais flagraram as apostas, os jogadores estavam divididos em cinco mesas. De acordo com o delegado Francisco Caricati, também do Cope, os jogos considerados ilegais eram realizados ao mesmo tempo em que em que era realizada uma etapa do Brazilian Series of Poker – campeonato nacional da modalidade –, que não é considerado ilegal. "No campeonato, cada jogador paga uma inscrição, participa do jogo que vale um prêmio e assim que perde é eliminado. Já nas outras duas salas, cada pessoa poderia jogar quantas vezes quisesse. Se perdesse o jogo, poderia comprar mais fichas e voltar. Isso caracteriza aposta e é contravenção penal", disse Caricati.

As salas onde os jogos com aposta eram realizados estavam protegidas por seguranças e com acesso restrito. "Jogos de azar são ilegais e serão combatidos com rigor pela polícia. Ainda mais nesse tipo de modalidade que flagramos na noite de sábado, em que mesas para jogatina ilegal são organizadas no mesmo local reservado a um torneio", afirmou o delegado Stadler.

Hotel é investigado

Segundo Stadler, um funcionário do hotel afirmou à polícia que não tinha conhecimento da prática ilegal. "Ele disse que apenas uma sala foi alugada para a realização do campeonato, enquanto os outros ambientes seriam utilizados para apoio ao evento", explica. De acordo com o delegado, a direção do hotel deve apresentar cópias dos contratos de locação do espaço nos próximos dias para comprovar a afirmação.

"Apesar disso, há indícios de que o estabelecimento tinha conhecimento dos jogos ilegais e não fez a denúncia", afirma Stadler. "Alguns garçons, funcionários do hotel, estavam nas salas quando a polícia flagrou a contravenção".

Procurado pela reportagem, o Four Points by Sheraton Curitiba enviou uma nota em que confirma que alocou as salas de sua área de eventos para um torneio nacional de pôquer programado para o período 16 a 18 de outubro. A empresa afirma, no entanto, que foi surpreendida com a ocorrência de jogos com apostas em dinheiro em uma sala de apoio contratada, enquanto o torneio principal acontecia no centro de convenções do empreendimento.

O hotel informou ainda que um evento igual já havia ocorrido no hotel, no mês de maio, sem qualquer ocorrência do gênero. "Frisamos aqui que estamos apoiando as autoridades em todas as investigações que o caso requer", finalizou a companhia na nota.

Organização se defende

Devanir Campos, um dos organizadores do Brazilian Series of Poker, contesta o entendimento do Cope. Ele admite que outros jogos de pôquer eram realizados nas salas de apoio do hotel, paralelamente ao campeonato. "Mas há um entendimento legal de que, mesmo com apostas, o pôquer não pode ser considerado jogo de azar", afirma. "A modalidade envolve habilidade, e está muito mais próxima do xadrez e do gamão, por exemplo, do que de jogos de azar", diz.

Para ele, a condução das 25 pessoas à delegacia foi fruto da "falta de conhecimento das autoridades". "Todos prestaram esclarecimentos aos policiais, assinaram os documentos e comparecerão a julgamento quando forem intimados. Mas estamos seguros de que ninguém cometeu nenhuma infração à lei", afirma.

Contravenção penal

De acordo com a Lei de Contravenções Penais, estabelecer ou explorar jogo de azar em lugar público ou acessível ao público, mediante o pagamento de entrada ou sem ele, é crime. Segundo a AEN, a contravenção pode dar pena de prisão simples - de três meses a um ano, multa e ainda perda dos móveis e objetos de decoração do local.

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