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Administração

Detran vai cobrar na Justiça multas de 105 mil motoristas

Novas regras são para quem tem débitos vencidos há mais de um ano

Pouco mais de 105 mil paranaenses que são proprietários de veículos com multas e taxas de trânsito em atraso há mais de um ano serão cobrados na Justiça para quitar a dívida. O Departamento Estadual de Trânsito (Detran) do Paraná começa no próximo mês a entrar com processos de cobrança judicial contra os donos de automóveis paranaenses em débito com o órgão. A medida é inédita. Até agora, nenhum Detran do país fez a cobrança judicial dos débitos de multas e taxas.

Pelo sistema em uso no Paraná – e que é similar ao adotado em outros estados – o dono de um carro multado precisa quitar a dívida até a data do licenciamento do veículo. Mas se ele não pagar a multa ou as taxas em atraso, embora não possa renovar o licenciamento, pode continuar a usar o automóvel clandestinamente, afirma o advogado Rony Marcos de Lima, do Detran.

Outra situação comum é o caso do proprietário de veículo com muitas multas que, ao ser flagrado pela fiscalização, simplesmente abandona o carro no pátio do Detran, porque o valor de venda do automóvel é menor do que o dos débitos acumulados. Desse modo, o Detran foi acumulando uma enorme dívida não paga (o órgão ainda não tem um levantamento de qual é o montante do débito, mas estima que ultrapasse a casa dos milhões de reais).

Com a cobrança judicial, tudo isso vai mudar. Se a pessoa não pagar as multas e taxas em atraso no ato do licenciamento, vai ser inscrita no sistema de dívida ativa do Detran e poderá responder a um processo de cobrança judicial que pode resultar na penhora de bens para o pagamento do débito. "A penhora é de qualquer bem que a pessoa tenha; não apenas do carro", afirma o advogado Lima. "Com isso (o sistema de cobrança judicial), 100% das dívidas do Detran de fato serão cobradas."

Segundo Lima, a criação do sistema é uma imposição da própria Lei de Responsabilidade Fiscal, que determina que é responsabilidade do administrador público tentar receber os créditos que cada órgão tem em haver. Mas, afirma ele, os Detrans de todo o país acabaram não adotando um sistema de dívida ativa – que é comum em vários órgãos governamentais –, porque tinham outro instrumento de cobrança: o não-licenciamento do veículo. Essa medida, porém, apresenta brechas que permitem o adiamento do pagamento das multas.

O sistema de dívida ativa do Detran do Paraná começou a ser criado no fim do ano passado. Na primeira etapa, foi levantada a lista dos devedores do órgãos: um total de 120 mil proprietários de veículos. O Detran, então, deu um prazo de 30 dias para que cada um regularizasse a situação ou questionasse a cobrança administrativamente, antes de o órgão entrar com o processo de cobrança judicial. Receberam o aviso por carta 61,7 mil devedores. O restante (58,3 mil donos de carros), como não havia atualizado o endereço residencial no Detran, foi avisado formalmente por meio de um edital – o que significa que dificilmente eles sabem que podem ser cobrados na Justiça. "Por isso, é importante que o proprietário informe o Detran sobre a mudança de endereço", alerta Lima.

Acabaram quitando as dívidas 14,1 mil devedores. Recorreram da cobrança na esfera administrativa 696, dos quais cerca de 10% tiveram a reclamação aceita. A partir de agora, a cobrança será feita judicialmente. Proprietários de veículos que não quitem as dívidas até a data do licenciamento também vão entrar na dívida ativa. Antes de o Detran fazer a cobrança judicial, porém, uma notificação para que o devedor regularize a situação será enviada pelo correio. Anualmente, cerca de 20% dos donos de veículos deixam de pagar o licenciamento dentro do prazo e, em breve, estarão sujeitos a entrar na dívida ativa.

Serviço: mais informações sobre a lista da dívida ativa do Detran e sobre procedimentos para regularizar a situação podem ser obtidas pelo telefone 0800-643-7373 ou pelo site www.pr.gov.br/detran.

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