A Operação Câmbio Livre, realizada ontem pela Polícia Federal (PF) em empresas de São Paulo e de Minas Gerais, teve desdobramentos no Paraná mais precisamente em Toledo, na região Oeste, onde o diretor comercial do laboratório Prati/Donaduzzi, Neidir Frare, foi preso. Frare é acusado de participar de uma quadrilha que falsificava documentos, fraudava licitações públicas e fazia lavagem e envio irregular de dinheiro para o exterior.
A prisão do diretor comercial foi feita por policiais lotados na Delegacia da Polícia Federal em Cascavel. "Houve uma determinação da Justiça Federal de Minas Gerais e cumprimos o mandado de prisão de forma tranqüila", disse o delegado José Alberto Viegas. O laboratório onde ocorreu a prisão funciona há 12 anos em Toledo e emprega cerca de dois mil funcionários. A empresa fabrica 183 medicamentos, a maioria genéricos.
Em nota oficial divulgada ontem, o laboratório informa que a ação é um ato de rotina da Polícia Federal e que as denúncias atribuídas à empresa não serão comprovadas, "uma vez que ela trabalha de forma transparente e com lisura". O diretor preso foi transferido para Foz do Iguaçu, e depois será encaminhado para Belo Horizonte, onde prestará depoimento. A Justiça mineira decretou a prisão temporária de Frare por cinco dias.
A Operação Câmbio Livre envolveu cerca de 100 policiais federais em Toledo, São Paulo e Belo Horizonte, com o objetivo de desmantelar uma organização criminosa que atuava em fraudes em licitações de medicamentos e no envio ilegal de dinheiro para o exterior. Após seis meses de investigação, a Polícia Federal chegou ao grupo formado por empresários de laboratórios farmacêuticos, representantes comerciais de medicamentos e doleiros que, com o auxílio de servidores públicos, combinavam entre si previamente, mediante o acordo sobre os preços a serem oferecidos nos certames, os resultados dos processos de licitação abertos por órgãos públicos.
A combinação resultava na determinação antecipada de quem sairia vencedor. Os itens licitatórios, cuja aquisição foi fraudada pela quadrilha em somente seis das 21 licitações identificadas no decorrer da investigação, são avaliados em aproximadamente R$ 3,5 milhões. Paralelamente a essas fraudes, funcionava um esquema de comércio ilegal de moeda estrangeira e evasão de divisas realizado por duas grandes casas de câmbio que funcionavam em Belo Horizonte.



