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Comportamento

Dirigir falando ao celular é prática comum

No Paraná, só no ano passado, 110 mil motoristas foram multados por esse hábito, que, segundo estudo, é mais perigoso do que guiar alcoolizado

Tempo excessivo que motorista passa no trânsito é uma das justificativas usadas por quem é flagrado cometendo a infração | Roberto Custodio/ JL
Tempo excessivo que motorista passa no trânsito é uma das justificativas usadas por quem é flagrado cometendo a infração (Foto: Roberto Custodio/ JL)

Embora sejam unânimes em afirmar que a combinação telefone e volante aumenta as chances de acidente, 84% dos motoristas do Rio de Janeiro e de São Paulo assumem o risco de dirigir usando o celular. A constatação foi feita pela Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), que entrevistou condutores nas duas cidades. O levantamento mostrou ainda que 23% dos entrevistados já tiveram incidentes no trânsito por causa do aparelho.

O comportamento, proibido pelo Código Brasileiro de Trân­­sito, não é exclusivo de motoristas cariocas e paulistanos – e nem dos brasileiros. No Paraná, só no ano passado, o Detran registrou 110.325 infrações pelo uso de celular. Neste ano, até abril, foram lavradas mais 35.440 multas no estado.

No Reino Unido, a preocupação com esse tipo de atitude levou uma companhia de seguros a contratar o Laboratório de Pesquisas de Transporte de Berkshire para um estudo que medisse o risco de dirigir falando ao celular. No experimento ficou comprovado que o tempo de reação de quem conversa no telefone é 30% menor que o de alguém que está alcoolizado. Outra pesquisa feita pela Orga­­nização Mundial de Saúde simulou distrações de um motorista e mostrou que o risco de acidente, ao falar ao telefone, aumenta em até 400%.

O estudo do Reino Unido demonstrou ainda que, quando está dirigindo e falando ao celular, o motorista perde a capacidade de manter uma velocidade constante e uma distância adequada do carro da frente. Entre os motoristas entrevistados, 40% admitiram usar o celular enquanto dirigem. O comportamento é mais comum entre jovens com idade entre 18 a 30 anos – 41% reconhecem que usam o celular e dirigem ao mesmo tempo.

Distrações

Além de ocupar uma das mãos e/ou restringir a audição pelo uso de fones, o celular desvia a atenção do motorista. A desatenção é, junto com o cansaço, a primeira causa de acidente nas rodovias brasileiras. "Dirigir é um ato que exige absoluta atenção. Falar ao telefone, ouvir rádio e até mesmo conversar com quem está no carro são distrações para o motorista", afirma o especialista em prevenção e segurança no trânsito, Fernando Pedrosa.

Membro da Câmara Temática de Educação para ao Trânsito e Cidadania do Contran, Pedrosa lembra o óbvio agravante que o hábito de enviar torpedos, principalmente entre os jovens, representa. "A troca de mensagens é ainda mais grave do que a ligação ao volante porque desvia totalmente o olhar do condutor", explica.

Numa conta rápida, o inspetor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Wil­­­son Martines explica o risco que o celular representa para o mo­­­to­­rista: "Andando a 110 quilômetros por hora, em um segundo o carro percorre 30 metros. Parece que não é nada, mas um buraco na pista, um animal que surge de repente, pega o motorista desprevenido e pode causar um acidente".

Motorista profissional há sete anos, Ricardo Vieira assume que fala ao telefone enquanto dirige. "Quando se passa muito tempo dentro de um carro, é difícil não falar ao telefone no volante."

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