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A jornalista Bruna Corcini Kala­baide se formou no ano passado e financiou pelo Fies 65% do valor das mensalidades do curso a partir do segundo ano. Ela ainda não conseguiu arranjar emprego e por isso conta com a boa vontade do marido para quitar a dívida. "Pago juros de 6,5% ao ano. É um absurdo. Por mês, o valor da prestação é de R$ 287, mas já me disseram que R$ 189 são apenas os juros. Tenho ainda cinco anos para pagar", conta.

Bruna é um dos 40 mil profissionais brasileiros já formados que ainda estão endividados com o Fies. A Caixa Econômica Federal não sabe informar quantos inadimplentes existem apenas no Paraná. Apenas explica que no estado há 42.735 contratos ativos.

Por causa dos altos juros, os antigos alunos se encontram em uma encruzilhada: o prazo para começar a pagar é curto (a partir de seis meses depois de formados), e eles não conseguem emprego a tempo. Além disso, é preciso enfrentar os juros altos dos contratos da época.

O projeto de lei que está para ser votado na Câmara pode ser uma alternativa para os endividados. Os deputados querem aprovar a emenda que estende a aplicação de juros de 3,5% ao ano também para os antigos contratos, mas apenas para os alunos que ainda estão pagando o financiamento. A dívida, então, seria totalmente recalculada.

O problema é que, se essa proposição for aceita, ela abre brecha para alunos já formados e que quitaram a dívida reclamar em juízo os juros altos que pagaram na época. "Não acredito que isso seja aprovado, porque a Caixa Econômica teria de devolver o dinheiro excedente cobrado", afirma a líder do Movimento pela Iso­nomia do Fies, Daniela Pel­legrini. Para o deputado federal Gilmar Machado (PT-MG), um dos autores do projeto, o único jeito de ajudar os alunos que estão para ser executados pela Caixa é recalcular os juros de quem ainda não conseguiu pagar. "Os que já quitaram terão de entrar na Justiça", explica o parlamentar.

Para evitar a dívida impagável, o diretor do curso de Economia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Carlos Magno Bitt­encourt, sugere aos alunos que precisam aderir ao Fies analisar antes se serão bons profissionais. "É preciso se destacar e gostar do curso e tentar perceber, já no primeiro ano, se vai conseguir emprego rápido. Melhor isso do que arriscar", explica.

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