
Nem trio elétrico nem desfile de escola de samba. Criança quer mesmo é baile infantil, com direito a concurso de fantasias, marchinha, confete e serpentina.
As matinês de hoje continuam muito parecidas com as de antigamente. Embora o axé, o funk e as fantasias de princesas e super-heróis tenham invadido os salões, os refrões de "Mamãe Eu Quero" e "Abre-Alas" continuam sendo entoados, e os pequenos índios, piratas, melindrosas e odaliscas ainda fazem muito sucesso. "Especialmente as meninas gostam das fantasias mais tradicionais. As fadinhas e princesas não tiveram tanta saída neste ano", conta a vendedora Priscila Aparecida Kozakiewicz, da loja Oz Trajes e Fantasias.
No Paraná Clube, a média de público nas matinês é de 3 mil pessoas por dia, entre crianças e adultos. "A criançada não perde a animação. Por isso é que essas festas sobrevivem até hoje e com as mesmas características", acredita o gerente social do clube, Luiz Carlos Casagrande.
No Santa Mônica Clube de Campo, cerca de 3,5 mil pessoas participam das festas infantis. Neste ano o clube decidiu inovar com um trio elétrico para animar os associados e convidados no sábado à tarde. "Estamos sempre pensando em coisas novas para atrair público de todas as idades", conta o coordenador social Natan Kaiser dos Reis.
A secretária Marilene de Almeida Reginato, do Clube Três Marias, conta que o carnaval infantil é realizado há cerca de 40 anos. "Não promovemos mais os bailes adultos, mas os infantis continuam em alta. Participam em média 500 crianças por dia, sem falar nos pais, tios e avós que acabam aproveitando até mais do que os pequenos", conta.
Além de diversão garantida para toda a família, as matinês são uma opção segura para as crianças nesta época do ano. Luiza, de 9 anos, filha da professora Rita de Cássia Brito Ling, não perde um baile infantil nem mesmo quando está na praia. "Quando vamos para Guaratuba, a Luiza faz questão de se produzir para pular no Iate Clube. Gosto dos bailes porque a programação é especialmente pensada para eles. É seguro, não tem bebida alcoólica, termina cedo, tem pipoca e até algodão doce. Onde mais ela se divertiria tanto? Eu, é claro, acabo entrando na dança, relembrando os meus tempos de criança", conta a mãe.
A maioria dos clubes da cidade realiza s matinês no domingo e na terça-feira. Mas o primeiro dia ainda é o mais disputado por causa do concurso de fantasias. Embora grande parte tenha eliminado a categoria luxo da competição, pais e filhos continuam caprichando para garantir o prêmio por originalidade.
Graziele, de 11 anos, frequenta os bailes do Santa Mônica desde o primeiro ano de idade. Adora desfilar e já ganhou vários concursos de fantasias. Quem faz todas as fantasias é a sua mãe, a médica Maritza Del Sepúlveda. "Ela já se vestiu de Carmen Miranda, indiana, cigana e com uma fantasia em homenagem à Copa do Mundo. A ideia é sempre fazer algo diferente, com muitas plumas e brilhos. E a Graziele participa de todo o processo. Dá palpites, vai às lojas comigo escolher o material", conta.
Para Maritza e a família, carnaval só vale se for no clube. Posso viajar em qualquer outro feriado, menos neste. Acho que é uma festa que ajuda a unir a minha família, já que todo mundo vai. Neste ano até a minha irmã, que veio do Peru, vai participar."




