
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) poderia ser uma alternativa para erradicar o analfabetismo no Brasil, mas o projeto não emplacou por fatores que vão da falta de financiamento a problemas nas propostas pedagógicas. O número de matrículas na modalidade está em queda e voltou aos patamares de 2001. No início da década eram 2,6 milhões de estudantes. O ápice foi em 2006, com 3,5 milhões, mas em 2010 eram 2,8 milhões. Em 2003 o governo federal criou o programa Brasil Alfabetizado e já atendeu mais de 10 milhões de estudantes, mas a iniciativa não foi suficiente.
A professora da Unicamp Ângela Soligo diz que os estudantes da EJA precisam de horários e metodologias diferenciadas, pois a maioria trabalha. A maior parte dos cursos ofertados é apenas uma adaptação do que se ensina no ensino regular, o que ajuda a tornar a taxa de evasão gigantesca. "Trazer o adulto para a escola é desafiante. É preciso considerar o interesse e a maturidade deles", diz Ângela.
Há também desigualdade regional na oferta. Em Alagoas, 22,5% da população é analfabeta, o maior índice do país, mas há apenas 45 mil alunos da EJA. Na outra ponta, o Rio de Janeiro, com 4% de analfabetos, terceiro menor valor nacional, tem 40 mil estudantes na modalidade.
Apesar da dificuldade, a professora da Unicamp diz acreditar na educação de jovens e adultos e afirma que quem é alfabetizado tardiamente pode se tornar um excelente profissional e pesquisador. "O maior exemplo é o educador Paulo Freire, que foi alfabetizado somente aos 17 anos", lembra.



